O ministro da Defesa, Walter Braga Netto, enviou um recado no último dia 8 ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com a ameaça de que não haverá eleições em 2022 se o voto impresso e auditável não for aprovado pelo Congresso. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o general estava acompanhado dos chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

Para interlocutores, Lira teria dito que a situação é “gravíssima” e via o recado como uma “ameaça de golpe”. Após receber o aviso, o deputado falou com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na conversa, Lira afirmou que não apoiará qualquer ato de ruptura institucional.

Já o presidente teria respondido que nunca havia defendido um golpe. Para ministros do STF, a ameaça não passa de um blefe para tentar evitar a investigação de militares pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.

“Os militares estão tentando fazer uma ameaça, mas, no fundo, ninguém está com medo deles. O Arthur (Lira) passou um recado duro. Disse que é parceiro até para perder eleição, mas não para aventura, para ruptura”, confidenciou um magistrado ao Estadão.

Bolsonaro defende voto impresso

Nas últimas semanas, Bolsonaro intensificou sua defesa à implementação do voto impresso e já cogitou a possibilidade de não haver eleições em 2022, caso a proposta não seja aprovada pelo Congresso.

“Não tenho medo de eleições, entrego a faixa para quem ganhar, no voto auditável e confiável. Dessa forma, corremos o risco de não ter eleições no ano que vem, porque o futuro de vocês que está em jogo”, disse no último dia 9.

“Nós não podemos esperar acontecer as coisas para depois querer tomar as providências. O que está em jogo, pessoal, é o nosso futuro e a nossa vida, não pode um homem querer decidir o futuro do Brasil na fraude. Já está certo quem vai ser o presidente do Brasil no ano que vem, como está aí, a gente vai deixar entregar isso?”, disse o presidente.