SÃO PAULO, 13 OUT (ANSA) – O ministro da Justiça do Brasil, Torquato Jardim, confirmou que o governo decidiu extraditar o italiano Cesare Battisti, alegando “saída suspeita” do país e “quebra de confiança”.   

As declarações foram dadas em entrevista à “BBC Brasil”, durante a qual Jardim também disse ter recomendado ao presidente Michel Temer que aguarde a decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre o habeas corpus impetrado pela defesa de Battisti.   

“A Itália nunca abriu mão disso [da extradição]. Os italianos não perdoam o Brasil por não mandar o Battisti de volta. Para eles, é uma questão de sangue. É um entrave nas relações Brasil-Itália e na relação com a União Europeia como um todo”, declarou Jardim à “BBC”.   

É a primeira vez que o ministro da Justiça fala abertamente sobre o caso, mas a confirmação das intenções do governo foi recebida sem surpresa nos círculos próximos a Battisti, que já davam como certa essa possibilidade. As esperanças do italiano residem no STF, que pode bloquear o iminente processo de expulsão.   

“Precisaríamos de um fato novo. O ministro Marco Aurélio [do STF] deu uma entrevista dizendo que já havia passado cinco anos [do decreto de Lula que permitiu a Battisti ficar no Brasil] e que não poderia extraditar. A preocupação era que o presidente assinasse um ato que fosse posteriormente vetado pelo Supremo”, acrescentou Jardim.   

O “fato novo” seria a prisão de Battisti na fronteira entre Brasil e Bolívia, na semana passada. O italiano viajava com dois amigos, e o grupo levava o equivalente a mais de R$ 20 mil em moeda estrangeira.   

O governo alega que a viagem era uma tentativa de fuga e que todo o dinheiro pertencia a Battisti, justificando uma acusação por evasão de divisas. O italiano alega que a quantia era dividida entre os três, o que derrubaria a acusação, e que seguia à Bolívia para comprar material de pesca e roupas de couro. (ANSA)