A ministra delegada do Comércio Exterior da França, Sophie Primas, afirmou, nesta sexta-feira (25), em São Paulo, que considera “muito hipotética” a assinatura do acordo de livre comércio entre União Europeia (UE) e Mercosul durante a cúpula do G20, em 18 e 19 novembro no Rio.

“Para nós, os franceses, e para outros Estados, hoje as condições não estão reunidas para que possamos assinar nas próximas semanas”, disse a ministra à AFP em São Paulo.

“Uma assinatura durante o G20 me parece, em todo caso, muito hipotética”, acrescentou, antes de um encontro com a comunidade francesa.

Na quarta-feira, o presidente de Governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, assegurou que a União Europeia está “muito perto de fechar” um acordo com o bloco sul-americano.

“Temos dois encontros cruciais (…) A cúpula do G20 em novembro, no Rio de Janeiro, e também a cúpula do Mercosul, no mês de dezembro deste ano. Portanto, vamos trabalhar para materializar” o acordo, destacou.

Mas o governo francês do centrista Emmanuel Macron considera que as condições apresentadas por Paris para aprovar o acordo “não foram cumpridas”.

“A minha mensagem ao Brasil foi clara (…) A França estabeleceu condições exigentes em termos de meio ambiente e respeito às normas, e hoje estas não estão cumpridas”, disse a ministra.

“Continuaremos lutando neste sentido, com todos os nossos interlocutores”, acrescentou.

As negociações entre UE e os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia), estagnadas há vários anos, voltaram a ganhar estímulo nos últimos meses por iniciativa de alguns países europeus, como Alemanha e Espanha.

Na quinta-feira, Sophie Primas participou de uma reunião de ministros do Comércio do G20 em Brasília.

“Esta reunião do G20 Comércio foi também o melhor momento para a França reafirmar a nossa posição firme sobre o acordo UE-Mercosul aos nossos parceiros na América Latina”, disse.

Na semana passada, Macron declarou que a proposta para concluir o acordo “não é aceitável” da forma como está.

“Pedimos o respeito aos Acordos de Paris [sobre o clima] e a proteção dos interesses das indústrias e dos agricultores europeus”, disse Macron, após uma reunião de cúpula da UE.

O governo brasileiro expressou otimismo com o avanço das discussões.

“A expectativa é que o acordo possa ser concluído este ano”, afirmou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, após uma reunião na quarta-feira entre o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, e o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis.

Em 2019, as partes alcançaram um acordo político, mas surgiram novos obstáculos, especialmente devido à oposição da França, por considerar que o documento não protege os agricultores da UE de maneira adequada.

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