Ainda é cedo para se tomar uma decisão definitiva, por causa do desenrolar da pandemia do novo coronavírus, mas a Ministra dos Esportes da França, Roxane Maracineanu,sugeriu nesta quarta-feira que a Volta da França aconteça à “portas fechadas”, ou seja, sem espectadores nas ruas.

Após o adiamento da Eurocopa de futebol e os Jogos Olímpicos de Tóquio, a Volta da França, que acontece em junho e julho, é um dos últimos grandes eventos esportivos que ainda não foi cancelado ou adiado.

“O Tour é um monumento esportivo. É muito cedo para decidir. Há um tempo para tudo. Por enquanto, temos uma batalha mais urgente (contra o vírus)”, afirmou a ministra, por meio das redes sociais. A primeira etapa está prevista para 27 de junho, com largada em Nice. O final será em Paris, em 19 de julho.

Desde o início da tradicional competição de ciclismo em 1903, apenas as duas guerras mundiais (1914-1918 e 1939-1945) forçaram os organizadores a cancelar o evento.

“O modelo econômico da Volta não se baseia na venda de ingressos, mas em direitos de TV. Durante esse período de confinamento, todos estão cientes dos riscos”, afirmou a ministra. “As pessoas entendem os benefícios de ficar em casa e assistir ao evento na TV em vez de ao vivo. Não seria muito prejudicial acompanhar a competição na TV.”

A Volta da França atrai mais de 10 milhões de espectadores ao longo das estradas da França todos os anos e é transmitida para todo o mundo.

Marc Madiot, presidente da Federação Francesa de Ciclismo e o diretor da equipe de ciclismo Groupama-FDJ, ressaltou que seria difícil policiar uma competição sem espectadores. “Como você impediria o público de comparecer?”

Segundo o dirigente, os 67 milhões de franceses respeitam amplamente as condições de um bloqueio sem precedentes em tempos de paz, mas poucos esportes agitam mais a paixão dos fãs do esporte francês como o ciclismo.

Além disso, os ciclistas costumam correr grandes percursos em grupos e muito próximos uns aos outros, além de se hospedarem nos mesmos hotéis e viajarem juntos em aviões e ônibus entre as etapas.

Com as corridas suspensas até o fim de abril, as equipes buscam alternativas para manter seus atletas em atividade. “Desde que não tenhamos permissão para sair na estrada, é difícil pensar em entrar em forma para o evento”, disse o francês Romain Bardet, vencedor de três etapas da Volta da França entre os anos de 2015 e 2017.