O Ministério Público venezuelano abriu uma investigação, nesta quarta-feira (25), por supostas “irregularidades” nas primárias da oposição, que inclui a convocação dos responsáveis da comissão que organizou o evento.

O procurador Tarek William Saab, de linha pró-governo, designou dois magistrados para a realização desta investigação por suposta usurpação de funções eleitorais e de identidade, além da legitimação de capitais e associação para a prática criminosa.

“Obviamente é uma fraude. É uma zombaria à nação, aos leitores que de boa fé compareceram àquele evento no domingo” 22 de outubro, sinalizou Saab em uma coletiva de imprensa.

“Vê-se que aqui cometeram este ato à margem da lei, da Constituição, de forma fraudulenta e por isso a investigação em curso vai ter consequências”, acrescentou.

As primárias foram organizadas pela própria oposição, sem a gestão do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que, após meses de evasivas, finalmente propôs no último minuto o adiamento do processo por um mês para que conseguisse administrar o pleito. A votação e a apuração foram manuais.

“A Constituição de 1999, vigente em nosso país, (…) estabelece que o Conselho Nacional Eleitoral é o órgão encarregado de organizar as eleições (…) de organizações com fins políticos”, insistiu Saab.

O procurador acrescentou ainda que Jesús María Casal e Mildred Camero, presidente e vice-presidente da Comissão Nacional das Primárias (CNP), assim como outros integrantes da organização, serão “citados como investigados” para que “respondam por estas irregularidades, respondam ante o país e à Justiça”, declarou.

Horas antes, o CNP havia informado que 2,4 milhões de pessoas participaram das primárias de domingo, um número que o chavismo e as autoridades garantem que foi inflado.

“Os organizadores deste evento usaram sem consentimento, e isto é grave, a identidade de inúmeras pessoas que nem sequer compareceram a este evento eleitoral, usaram-na de forma professa e isso é um ato criminoso”, afirmou o procurador.

O financiamento das primárias da oposição também é alvo de investigação.

“Onde estão os livros que detalham o passo a passo da entrada de capital para realizar este ato eleitoral totalmente à margem da lei?”, questionou Saab.

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