Ministério da Justiça recebeu mulher de suspeito de liderar Comando Vermelho em duas reuniões

Ministério da Justiça recebeu mulher de suspeito de liderar Comando Vermelho em duas reuniões
Luciane Barbosa Farias ao lado de Rafael Velasco Brandani, titular da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais) Foto: Reprodução

Alguns assessores do ministro da Justiça, Flávio Dino, receberam Luciane Barbosa Farias, conhecida como “dama do tráfico amazonense” e mulher do suspeito de liderar o Comando Vermelho na região do Amazonas, para duas reuniões neste ano.

Resumo:

  • Luciane esteve em audiências com dois secretários e dois diretores do Ministério da Justiça;
  • Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, lamentou o episódio e frisou que foi um erro de sua parte;
  • Luciane é casada com Clemilson dos Santos Farias, que foi preso em dezembro de 2022.

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, ela esteve em audiências com dois secretários e dois diretores da pasta em um período de três meses.

Por meio de nota enviada à ISTOÉ, o Ministério da Justiça afirmou que a SAL (Secretaria de Assuntos Legislativos) atendeu a solicitação de agenda da ANACRIM (Associação Nacional da Advocacia Criminal), com a presença de vários advogados. “A cidadã mencionada no pedido de nota não foi a requerente da audiência, e sim uma entidade de advogados. A presença de acompanhantes é de responsabilidade exclusiva da entidade requerente e das advogadas que se apresentaram como suas dirigentes”, completou.

Luciane é casada há 11 anos com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas, que era considerado o “criminoso número um” na lista de procurados pela polícia amazonense, até ser preso em dezembro de 2022.

Tanto Luciane quanto o marido foram condenados em segunda instância por lavagem de dinheiro, associação ao tráfico e organização criminosa. Clemilson foi sentenciado a 31 anos e segue detido no presídio de Tefé (AM). Já a esposa, condenada a 10 anos e recorre em liberdade.

No dia 19 de março deste ano, Luciane esteve com o secretário Nacional de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Elias Vaz. Em 2 de maio, ela se encontrou com Rafael Velasco Brandani, titular da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais).

Por meio das redes sociais, Luciane escreveu que esteve com Rafael Velasco e outras autoridades para denunciar as “revistas vexatórias” que seriam realizadas no sistema prisional amazonense.

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 13, Elias Vaz lamentou o episódio, que classificou como “um erro de minha parte, de não ter feito uma verificação mais profunda das pessoas que vou receber, procedimento que provavelmente a gente deve adotar daqui em diante”.

Ela ainda ressaltou que o ministro Flávio Dino “ não ficou satisfeito. Ele, sempre gentil como é, me chamou a atenção, disse que eu deveria tomar mais cuidado com as pessoas que recebo. Falo isso de forma pública. A partir de agora, tenho que tomar mais cautela”, completou.

Vaz disse que a reunião foi marcada, inicialmente, pela ex-deputada estadual Janira Rocha (PSOL) com mães que tiveram filhos assassinados e lutam por Justiça. Luciane teria se juntado ao grupo e se apresentado como representante de uma organização que reivindica melhorias no sistema prisional do Amazonas.