O embaixador e presidente da COP-30, Corrêa do Lago, informou que está sendo estruturada a participação do Ministério da Fazenda no relatório que indicará quais os caminhos para a garantia do financiamento climático de US$ 1,3 trilhão anuais, até 2035, aos países em desenvolvimento. Os valores são, por exemplo, para a implementação de ações de redução de emissão de gases de efeito estufa.
No ano passado, na COP do Azerbaijão, foi estabelecido que os países desenvolvidos devem “assumir a liderança” no fornecimento de, pelo menos, US$ 300 bilhões anuais até 2035, muito aquém do que é considerado necessário. O Brasil vai apresentar, com o Azerbaijão, um “mapa do caminho” de como alcançar a meta de US$ 1,3 trilhão.
Os recursos devem partir de diversas fontes, incluindo públicas, privadas, bilaterais, multilaterais e outras alternativas em estudo. “Estamos muito coordenados com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, porque a participação deles nessa mobilização é importantíssima ao longo dos próximos meses”, disse Corrêa do Lago.
EUA
O presidente da COP-30 também reforçou que a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris enfraquece o multilateralismo: “não há nenhuma dúvida com relação a isso”. “Eles (EUA) têm NDC anunciada. Obviamente, a gente imagina que essa NDC vai ser retirada, mas isso ajuda a guiar as ações dos governos, subnacionais, governos dos Estados e das empresas”, afirmou a secretária nacional de Mudança do Clima, Ana Toni.
‘Ninguém escolheu Belém porque tinha muitos hotéis’
O embaixador foi questionado por jornalistas sobre a dificuldade logística e os rumores de que parte da programação poderia ser deslocada de Belém, caso não haja infraestrutura pronta a tempo e por causa da lacuna na rede hoteleira.
Esse problema já fez o governo Lula antecipar, com aval da ONU, a semana destinada à presença de chefes de Estado. Com isso a organização espera reduzir o fluxo de pessoas de 50 mil para 30 mil. Os líderes devem participar da COP-30 entre 5 e 8 de novembro, enquanto o restante da conferência, incluindo a negociação diplomática e atividades de ONGs, ocorrerá de 10 a 21 de novembro.
“É um tema que está ganhando dimensão um pouquinho excessiva, porque na maioria das COPs tem problema”, disse o presidente da cúpula. “Alguém tem ilusão de que Belém seja uma cidade desenhada para receber uma COP? Acham que Glasgow era uma cidade desenhada para receber uma COP? Ou seja, a COP tem dimensão imensa e evidentemente tem que ser feita de acordo com as circunstâncias da cidade. Ninguém escolheu Belém porque era uma cidade brasileira que tinha muitos hotéis. O presidente da República escolheu Belém porque está na Amazônia e é de um simbolismo imenso.”
Ele defendeu que os envolvidos devem se adaptar à realidade da capital paraense e que o governo não vai esconder os problemas urbanos – incluindo ambientais – da ocupação dessa capital.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.