Mineração reduziu QI de cidadãos do Império Romano, diz estudo

ROMA, 10 JAN (ANSA) – A ambição pela prata para cunhar sestércios, a antiga moeda do Império Romano, teve consequências graves para a saúde dos cidadãos da época, segundo uma nova pesquisa publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.   

De acordo com estudiosos do Desert Research Institute, em Nevada, Estados Unidos, a população romana respirava quantidades consideráveis de chumbo geradas a partir da mineração da prata, levando a uma queda de 2,5 a 3,5 pontos em seu quociente de inteligência (QI).   

A investigação reconstruiu a ligação entre a paixão dos romanos pela prata e a poluição por chumbo na Europa ao longo de um milênio, entre 500 a.C. e 600 d.C.   

No entanto, com base em amostras do gelo do Ártico, a pesquisa não conseguiu concluir se o envenenamento por chumbo teve alguma interferência na queda do grande império.   

Joseph McConnell, cientista ambiental e principal autor do estudo, destacou que sua equipe descobriu “o primeiro exemplo de poluição industrial da história mundial”, já que o chumbo é um subproduto da mineração da prata. “Para obter 100 gramas de prata, você produz uma tonelada de chumbo”, explicou McConnell ao New York Times.   

Os pesquisadores encontraram vestígios de chumbo em mantos de gelo coletados na Rússia e na Groenlândia que datam da época do Império Romano. Segundo o estudo, o material foi liberado na atmosfera pela mineração da prata, transportado pelas correntes de ar e finalmente depositado no Ártico como neve.   

Os níveis de chumbo medidos por McConnell e seus colaboradores são de cerca de uma molécula do metal por 1 trilhão de moléculas de água, o que indica que o material se dispersou significativamente ao longo do percurso até o Ártico, a milhares de quilômetros do centro do império.   

A equipe estima que a mineração romana emitiu de 3,3 mil a 4,6 mil toneladas de chumbo na atmosfera. Os pesquisadores então calcularam, usando um paralelo com dados contemporâneos, quanto desse material teria entrado no sangue dos cidadãos romanos, especialmente das crianças, permitindo estimar os efeitos na capacidade intelectual da população. (ANSA).