O nutricionista é um agente importante para políticas de saúde pública e prevenção de doenças que vão muito além da obesidade. Pensando nisso, os nutricionistas Leone Gonçalves, que também é biomédico e educador físico, e Amanda Ornelas, que é ex-presidente do Conselho Regional de Nutricionistas (Bahia e Sergipe), propõem uma nova forma de enxergar a alimentação no livro “Mindset da Nutrição”.

“É preciso que o nutricionista entenda o seu papel, que é muito mais abrangente do que o senso comum, que advém do lado de boa parte dos pacientes, de ser o profissional que vai prescrever dietas. O mindset precisa mudar em ambos os lados. E é justamente isso que essa obra propõe”, explica Leone.

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“O futuro da nutrição para ambos os lados passa por uma abordagem mais abrangente, que considere o paciente como um todo, para verdadeiramente prescrever uma solução tangível, viável e compatível com suas expectativas e realidade de vida”, acrescenta ele.

“No senso comum das pessoas somos profissionais emagrecedores e esculpidores de corpos. E começamos a perceber que o comportamento alimentar é muito mais importante para o objetivo, seja emagrecer, ficar sarado, ganhar massa magra ou tratar uma doença, do que o que a pessoa come”, complementa Amanda.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a obesidade é uma doença, quase uma epidemia. No entanto, para a dupla de nutricionistas, o profissional de saúde da área da nutrição pode ajudar em muito mais do que no processo de emagrecimento.

Amanda destaca que, segundo levantamento do Conselho Federal de Nutricionistas, a maior parte dos profissionais trabalham na área clínica ou no setor de alimentação coletiva e cozinhas industriais. “O livro vem com um propósito de mostrar tanto aos nutricionistas quanto à sociedade que a Nutrição é muito mais que calorias, nutrientes e alimento. Queremos quebrar esse paradigma: a pessoa pode ser saudável com o tamanho do corpo que ela quiser, muito além dos padrões estipulados no nosso mundo”, resume a profissional.

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Estudos indicam que muitas doenças como diabetes, Alzheimer e até mesmo alguns tipos de câncer podem ser evitados ou diminuir fortemente as chances de incidência por meio da nutrição. “Então, porque o nutricionista não está mais presente na medicina preventiva? Por que não há programas de saúde pública que incluam esse profissional de saúde? Por que não há uma integração das demais especialidades médicas com a nutrição? São perguntas que precisam ser respondidas e para as quais propomos soluções no livro”, analisa Leone.

Outro problema da nossa medicina ocidental, segundo os especialistas, é a abordagem “a pill to an ill”, criada nos Estados Unidos em meados da década de 1920. É o reducionismo de induzir tanto o paciente como o médico a propor sempre como solução uma pílula, um medicamento. “Essa maneira de enxergar a saúde, de modo geral, tem lá suas limitações e costuma, em alguns casos, atender mais aos interesses dos grandes laboratórios farmacêuticos do que promover, de fato, saúde”, denuncia ele. “É preciso repensar a ideia de que tudo pode ser sanado com uma pílula, que a resposta para tudo que você precisa pode ser encapsulado”, finaliza Leone sobre a obra, que tem edição e pesquisa do jornalista Hebert Neri e deverá ser lançado pela editora Novo Momento em e-book e livro físico ainda este ano.