O ministro da Educação, o teólogo Milton Ribeiro, é um sujeito que se orienta por ideias carcomidas e preconceituosas. Acha que crianças com deficiências não podem estudar na mesma classe que outros alunos e que as universidades deveriam ser para poucos. A igualdade, a empatia e a superação pessoal são engodos para Ribeiro. Ele fala de “crianças com deficiência de impossível convivência” e faz pensar na eugenia, a teoria criada no final do século 19 e aplicada pelos nazistas com o objetivo de melhorar a raça.

Para isso, todas as minorias, incluídas as pessoas com problemas congênitos físicos e mentais foram afastadas da sociedade numa ação programada. Ribeiro dá a entender que compactua com esses projetos de seleção dos indivíduos “menos aptos”.

A palavra eugenia significa “bem nascido” e envolve a possibilidade de desenvolver a população geneticamente, de “melhorá-la” através do controle social. Ribeiro vai nessa direção quando propõe a exclusão de crianças que não estão de acordo com os padrões de normalidade das salas de aula brasileiras.

No seu reacionarismo, o ministro questiona propostas de inclusão amplamente aplicadas nas últimas décadas com resultados excelentes em escolas públicas e privadas. As pessoas de difícil convivência das quais fala Ribeiro contribuem para o desenvolvimento dos educadores e da sociedade, para torná-la mais humana.

O que Ribeiro não considera é que a experiência de um aluno com deficiência numa classe contribui para aumentar a empatia e a disposição colaborativa. Ribeiro pensa apenas na competição, mas a escola é também um espaço de aprendizado da colaboração e de carinho. Ajudar os outros a superar dificuldades, saber que alguns indivíduos são mais frágeis em certos aspectos, é algo que pode contribuir para que a comunidade desenvolva mais habilidades sociais.

Como virou norma nesse governo, os ministros ecoam a visão presidencial e defendem ideias obsoletas e completamente abandonadas pela ciência. É evidente que quando Ribeiro propõe a separação de crianças com deficiência, ele está exalando seus próprios preconceitos e estimulando um retrocesso social. Para ele, as políticas inclusivas são só um empecilho para que os outros alunos se desenvolvam plenamente.

Trata-se de mais uma tolice. O ministro ignora e faz pouco caso da necessidade de convívio com o diferente. Ele pensa que os diferentes atrapalham, perturbam, são contraproducentes. Mas, na verdade, quem atrapalha, perturba e é contraproducente na educação é o próprio ministro.