Onze pessoas, entre elas seis militares e um bombeiro, viraram réus por crime de homofobia contra dois policiais militares que divulgaram uma foto nas redes sociais beijando seus companheiros. A foto foi publicada em janeiro de 2020, durante uma formatura de soldados da Polícia Militar.

Henrique Harrison, uma das vítimas dos ataques homofóbicos, disse ao UOL que, logo que publicou a fotografia, começou a ser bombardeado com os comentários preconceituosos. “Eu não precisei ir longe. A maioria chegava via notificação pelo meu Instagram mesmo, durante a formatura”, contou.

Os ataques cresceram ainda mais após o coronel da Polícia Militar levar o assunto a um dos grupos de Whatsapp da corporação. Henrique estava no grupo e acompanhou todos os comentários maldosos.

De acordo com Harrison, alguns comentários traziam mensagens como “uma afronta geral para os militares”, outro dizia que tinha sido “exposto ao ridículo”, além de agressões como “esses aí não tem moral nem para catar cocô de cachorro, imagina fazer abordagens”.

“Depois que o coronel divulgou nos grupos de Whatsapp, piorou muito, porque ele incentivou grande parte da tropa a fazer o mesmo. Eu vi em grupos todos falando muito mal de mim e do meu companheiro à época. Da simbologia que aquilo representou. Me chamando de criminoso. Ele deu voz a uma parcela machista da corporação que não foi pequena”, explicou Henrique.

O Ministério Público do Distrito Federal reuniu todas as mensagens, identificou e denunciou 11 pessoas por “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero”.

A pena prevista para este tipo de crime, cometido através das redes sociais, é de dois a cinco anos de reclusão e multa. O MP ainda quer que os acusados paguem indenização por danos morais às quatro vítimas.

“Hoje eu me sinto muito esperançoso e feliz por essa luta gigante da comunidade LGBT, que nada mais é do que por igualdade. As pessoas têm que entender que a internet não é um local sem lei. A gente merece respeito”, concluiu Harrison.