As imagens do golpe militar em curso na Turquia

Militares turcos tomaram ruas e pontos estratégicos de Ancara e Istambul nesta sexta-feira, 15, em uma movimentação militar anormal.

Fontes do próximas ao governo turco disseram ao Estado que haveria uma reunião no mês que vem para tratar de mudanças no Exército. Muitos militares do alto escalão seriam retirados da cúpula. Pontes que ligam a parte europeia da parte asiática de Istambul foram fechadas e há relatos de que caças estariam sobrevoando a cidade. O aeroporto Kemal Ataturk em Istambul estaria sendo cercado e todos os voos partindo ou chegando do país foram cancelados.

O primeiro-ministro Binali Yildrim disse que uma parte do Exército tenta derrubar o governo, mas afirmou que o Executivo turco “jamais permitirá uma iniciativa que interrompa a democracia. “Estamos concentrados nessa tentativa de golpe”, disse. “Foi um ato ilegal de um grupo agindo fora da cadeia de comando.”

O Exército turco divulgou comunicado no qual afirmou ter tomado o controle do país, segundo a agência Reuters. Os militares afirmaram que todas as relações exteriores com países amigos serão mantidas.   “As forças armadas da Turquia completaram a tomada da administração do país para reinstalar a ordem constitucional, direitos humanos e liberdade, o estado de direito e a segurança geral que foi afetada. Todos os acordos internacionais ainda são válidos. Esperamos que toda nossa boa relação com todos os países continue.”, diz a íntegra do comunicado.

Há relatos de que Erdogan teria sido conduzido à cidade de Marmaris por sua escolta particular. Erdogan fez pronunciamento por meio de uma rede social em um celular  no qual instou a população a defendê-lo nas ruas. Relatos em redes sociais indicam que milhares de partidários de Erdogan estão tomando as ruas de Ancara contra o golpe. Mesquitas de Ancara estão pedindo que os fiéis saiam às ruas para defender o governo de Erdogan, que pertence ao partido islâmico AKP.

Os militares declararam Lei marcial e declararam que Erdogan será tratado como “traidor”. A rede de TV NBC afirmou que Erdogan solicitou asilo diplomático na Alemanha, mas essa informação ainda não foi confirmada.

A praça Taksim, uma das principais de Istambul e palco de protestos em 2013, foi ocupada pelo Exército. O governo turco disse que um de seus caças F-16 abateu um helicóptero dos militares golpistas.

Segundo o impresso britânico The Guardian, o quartel general da polícia de Ancara foi atacado pela Força Aérea e o QG do setor de inteligência do Exército estaria em chamas. Helicópteros também miram na sede da TV estatal turca.

Tanques abriram fogo contra o prédio do Parlamento turco, informa a agência Reuters. Há relatos de tiroteio no Aeroporto de Istambul também.

O líder do principal partido opositor, o CHP, descartou apoiar o golpe e disse que respalda o governo democraticamente eleito.

A TV estatal, o Facebook, o Twitter e o Youtube foram tirados do ar no país.

Muitas pessoas estão correndo para sacar dinheiro nos caixas eletrônicos, segundo a imprensa internacional.

EUA, Rússia e UE reagem à golpe militar na Turquia
O secretário de Estado americano, John Kerry, declarou nesta sexta-feira (15) que está acompanhando os eventos na Turquia, onde as tropas militares estão nas ruas em meio a notícias de golpe de Estado, toque de recolher e lei marcial.

Kerry disse esperar que, independentemente do desenrolar dos acontecimentos, a Turquia possa resolver a crise, preservando a paz, a estabilidade e o respeito pela “continuidade”.

O presidente americano, Barack Obama, declarou apoio ao governo “democraticamente eleito” de Recep Erdogan.

Na entrevista coletiva com o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, Kerry admitiu não estar a par dos acontecimentos e que ainda está tentando entender o que se passa na Turquia.

A Casa Branca informou que o presidente Barack Obama está sendo informado da situação em Ancara por sua equipe de Segurança Nacional.

De acordo com o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Ned Price, “o presidente continuará a receber atualizações regulares”.

Já o ministro Sergei Lavrov pediu que se evite “qualquer confronto sangrento”.

“Os problemas da Turquia devem ser resolvidos dentro do respeito pela Constituição”, declarou Lavrov, em entrevista coletiva em Moscou, ao lado de Kerry.

Nesse contexto de tensão crescente, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, pediu “contenção” e “respeito às instituições democráticas”.

“Em contato constante com a delegação da UE em Ancara e em Bruxelas direto da Mongólia [onde Federica está para uma cúpula UE-Ásia]. Apelo à contenção e ao respeito pelas instituições democráticas”, postou Mogherini no Twitter.

O governo grego anunciou, por sua vez, que “acompanha a situação com sangue-frio”.

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, “foi informado pelo chefe dos Serviços Secretos gregos” da evolução dos acontecimentos no país vizinho e pediu que o ministro da Defesa, Panos Kammenos, e o chefe do Estado-Maior também sejam atualizados.

O canal público grego Ert1 interrompeu sua programação para acompanhar ao vivo o que se passa na Turquia.