Militares do Instituto Combustível Legal perdem poder, mas continuam usando influência no Governo

Coluna: Coluna do Mazzini

Leandro Mazzini é jornalista graduado na FACHA, no Rio, e pós-graduado em Ciências Políticas pela UnB. Iniciou carreira em 1996 em MG. Foi colunista do Informe JB, da Gazeta Mercantil, dos portais iG e UOL. Apresentou programas na REDEVIDA de Televisão e foi comentarista da Rede Mais/Record Minas. De Brasília, assina a Coluna Esplanada em jornais de capitais e é colunista do portal da Isto É.

Militares do Instituto Combustível Legal perdem poder, mas continuam usando influência no Governo

General Guilherme Theophilo e Sergio Moro
General Guilherme Theophilo ao lado de Sergio Moro Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Uma limpa na firma. O general Guilherme Theophilo, ex-secretário nacional de Segurança Pública no Governo Bolsonaro e homem de confiança do então ministro Sergio Moro, e o coronel Luiz Cerqueira, ex-coordenador do Gabinete de Segurança Institucional no Rio de Janeiro do mesmo Governo, foram afastados dos seus cargos no Instituto Combustível Legal (ICL).

O ICL é um braço do lobby das grandes distribuidoras de combustíveis, que bancam a instituição. Theophilo era o CEO do instituto, enquanto Cerqueira o consultor sênior.

Para o lugar da dupla de militares foi indicado o ex-deputado federal Emerson Kapaz, que em 2004 foi acusado pelo Ministério Público Federal de ser um dos membros da quadrilha que atuava no esquema de desvios de recursos federais para a compra de ambulâncias, descoberta pela Operação Sanguessuga. Porém, mesmo afastados de seus cargos, eles entregaram o que haviam prometido.

Usaram a influência que detêm junto a um outro grupo de militares que comandava os Correios e, através do fundo de pensão Postalis, ligado à estatal, perseguiram uma das concorrentes do ICL.

O Postalis entrou com uma petição no processo de recuperação judicial de uma empresa listada em bolsa, na qual o fundo mantém investimentos, tentando prejudicar a companhia e, consequentemente, seu próprio investimento.
A influência sobre os gestores da Postalis era tão grande que eles conseguiram fazer com que o fundo de pensão pedisse, no processo, algo que prejudicava o próprio patrimônio com o único objetivo de agradar a dupla de militares.

Theophilo e Cerqueira não tiveram consideração nenhuma com o patrimônio dos funcionários dos Correios, os quais têm seu plano de aposentadoria gerido pelo Postalis.