Ao menos uma pessoa morreu e 26 ficaram feridas no ataque desta quarta-feira (24) à Universidade Americana do Afeganistão em Cabul, indicou o Ministério de Saúde afegão.

Alguns feridos se encontram em estado grave, acrescentou o ministério.

Imediatamente após o ataque, que ainda não foi reivindicado, dezenas de soldados cercaram rapidamente o centro de estudos, repleto de alunos que trabalham durante o dia e estudam a noite.

Dentro da universidade, um estudante informou à AFP que o local havia sido atacado e que ouvia explosões e disparos.

“Estamos presos dentro da minha sala de aula com outros estudantes. Ouvi explosões e disparos perto daqui”, afirmou a fonte à AFP por telefone.

“Nossa sala está cheia de fumaça e pó, estamos presos dentro dela e com muito medo”, acrescentou.

Outros estudantes presos postaram várias mensagens de desespero no Twitter. Entre eles está Massud Hossaini, fotojornalista da Associated Press e ganhador do prêmio Pulitzer.

“Muitos estudantes foram evacuados”, informou o porta-voz do Ministério do Interior, Sediq Sediqqio, e acrescentou que nenhuma informação indicava que os atacantes haviam pego reféns.

“Não temos certeza do número de agressores, mas nossas forças especiais começaram a operação de limpeza”, falou.

Conselheiros militares, membros da coalização internacional dirigida pelos americanos, ajudavam as forças afegãs a enfrentar este ataque, segundo um responsável americano de Defesa.

Nenhum grupo até o momento reivindicou a responsabilidade do ataque, que aconteceu duas semanas depois que dois professores universitários – um americano e um australiano – foram sequestrados perto da universidade.

Ambos os professores foram pegos por homens armados na noite do dia 8 de agosto em pleno centro de Cabul, último sequestro até agora contra estrangeiros.

A direção da universidade de elite, que abriu em 2006 e possui atualmente mais de 1.700 estudantes, não pôde ser contactada até o momento.

A Universidade Americana do Afeganistão (AUAF), que tem várias associações e programas de intercâmbio com universidades prestigiadas nos Estados Unidos como Georgetown, Stanford e a Universidade da Califórnia, se apresenta como “a única universidade particular, sem fins lucrativos, apartidária e mista do Afeganistão”, república islâmica onde homens e mulher estão, comumente, separados.

O Ministério do Interior indicou no início do mês que o campus estava protegido permanentemente por 70 membros das forças de segurança.

– Ofensiva talibã –

Este ataque ocorre duas semanas após o sequestro de dois professores desta universidade privada, um americano e outro australiano, cujo paradeiro é ignorado.

Os talibãs também lançaram um ofensiva contra o governo afegão, apoiado pelo Ocidente, multiplicando os atentados em todo o país.

Os rebeldes ameaçam atualmente a cidade de Lashkar Gah, capital da província de Helmand, defendida por tropas leais a Cabul com o apoio americano.

Helmand é uma das regiões onde mais de produz papoula, base do ópio, fonte de financiamento da revolta talibã.