BUKAVU, 5 FEV (ANSA) – A milícia rebelde M23, apoiada pelas Forças Armadas de Ruanda, interrompeu a trégua unilateral no leste da República Democrática do Congo (RDC) e conquistou uma cidade mineradora na região, dando continuidade a um conflito que matou mais de 900 pessoas apenas na semana passada.
Um dia após declarar cessar-fogo por motivos “humanitários”, o grupo tomou o município de Nyabibwe, na província de Kivu do Sul, que, assim como a vizinha Kivu do Norte, é rica em recursos minerais.
“Isso é a prova de que o cessar-fogo unilateral que havia sido declarado era, como sempre, um estratagema”, disse Patrick Muyaya, porta-voz do governo do Congo, à agência AFP.
Formado por ex-combatentes de milícias integradas ao Exército congolês, o M23 já controla Goma, capital do Kivu do Norte e com mais de 1 milhão de habitantes, e agora parece marchar em direção a Bukavu, capital do Kivu do Sul e com 1,1 milhão de moradores.
As duas províncias ficam na fronteira com Ruanda, que diz apoiar a ofensiva rebelde para erradicar grupos armados que ameaçariam a segurança nacional. Já o governo congolês acusa Kigali de querer se apossar de recursos minerais no leste do segundo maior país da África.
A ofensiva do M23 desencadeou uma crise humanitária na região, com escassez de suprimentos em hospitais e risco de disseminação de doenças, como o ebola.
Além disso, segundo a vice-chefe da Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (Monusco), Vivian van de Perre, centenas de detentas foram “violentadas e queimadas vivas” durante uma fuga em massa de uma cadeia de Goma.
Um encontro entre os presidentes da RDC, Félix Tshisekedi, e de Ruanda, Paul Kagame, está prevista para o próximo fim de semana, na Tanzânia. (ANSA).