A milícia iraniana Basij alegou que Teerã impediu uma “guerra mundial” no Irã, acusando Estados Unidos, Israel e Arábia Saudita de estarem envolvidos nas revoltas registradas nos últimos dias.

“Uma verdadeira guerra mundial contra o sistema e a Revolução surgiu, mas, felizmente, não foi viável”, disse o general Salar Abnoosh, vice-chefe de base, citado pela agência de notícias ISNA na quinta-feira.

Os membros do Basij, um movimento paramilitar de voluntários islâmicos, que tem como objetivo garantir a segurança do país. No final de outubro, Washington e seis países do Golfo Árabe sancionaram 21 entidades suspeitas de “fornecer apoio financeiro ao Basij […] ligado aos Guardiões da Revolução”, anunciou a secretaria do Tesouro dos Estados Unidos.

O general Abnoosh afirmou que os interrogatórios dos detidos revelaram que uma “coalizão do mal”, composta por “sionistas dos Estados Unidos e da Arábia Saudita”, foi a causa da “sedição”.

Ele também observou que a desconexão da Internet por parte das autoridades, iniciada na noite de 16 de abril, ajudou a “perturbar” os planos dos inimigos do Irã.

No fim da tarde desta sexta, o Tesouro americano anunciou sanções contra o ministro iraniano das Telecomunicações Mohammad Javad Azari Jahromi por “restringir o acesso à Internet” no Irã.

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– “Vitória” –

Os distúrbios começaram em 15 de novembro, após o anúncio de uma reforma do sistema de subsídios ao combustível, destinado a beneficiar aos lares menos favorecidos, mas acompanhado de uma alta no preço.

Teerã proclamou na quarta-feira a “vitória” contra uma “conspiração” promovida no exterior.

As autoridades indicaram que os líderes das manifestações, que queimaram ou atacaram postos de gasolina, mesquitas e prédios públicos, foram presos.

Nesta sexta-feira (22), autoridades e agências de notícias informaram que a Internet será gradualmente restaurada.

Segundo a ISNA, o acesso à Internet e a conexão ADSL (banda larga) foram parcialmente restaurados em várias províncias e em algumas universidades de Teerã.

Mas a ONG NetBlocks, que monitora o nível de acesso à Internet no mundo, divulgou que a taxa de acesso no Irã era de 14% no meio da tarde desta sexta-feira.

Na quinta-feira, o presidente americano, Donald Trump, acusou Teerã de tentar esconder dos iranianos e do mundo a “enorme violência” no país ao cortar a Internet.

“Os dirigentes iranianos sabem que uma internet livre e aberta expõe sua ilegitimidade, então eles tentam censurar o acesso à Internet para asfixiar as manifestações contra o regime”, afirmou nesta sexta-feira o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, ao anunciar sanções contra o ministro das Telecomunicações do Irã.

O Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas expressou preocupação com as informações que afirmam que a munição de verdade foi usada pelas forças de segurança para reprimir os distúrbios, causando um “número significativo de mortes”.

As autoridades relataram cinco mortes, enquanto a Anistia Internacional declarou que mais de 100 manifestantes haviam morrido nos protestos pacíficos.



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