Manifestação em Istambul foi convocada pelo Partido Republicano do Povo contra sentença de quase cinco anos de prisão a Canan Kaftancioglu, acusada de insultar o presidente Recep Erdogan e o Estado.Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas em Istambul neste sábado (21/05) para protestar contra a prisão de uma das principais líderes da oposição na Turquia e contra o que consideram o “crescente autoritarismo” do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

O protesto foi convocado pelo Partido Republicano do Povo (CHP). Fontes da organização disseram que a polícia estimou o número de participantes em 400 mil, embora não tenha havido nenhum comunicado oficial.

“Direitos, lei e justiça” foi um dos slogans mais entoados pela multidão, que veio de diferentes regiões da Turquia para protestar e se reuniu no distrito de Maltepel.

O grande protesto ocorre após a confirmação de uma sentença de quase cinco anos de prisão a Canan Kaftancioglu, presidente do CHP em Istambul, por insultar o presidente e o Estado, com base em postagens no Twitter de 2012 a 2017.

Arquiteta de candidatura vitoriosa

Kaftancioglu, de 50 anos, é considerada uma das arquitetas da candidatura vitoriosa do CHP ao governo de Istambul em 2019, que pôs fim a 25 anos no poder do partido de Erdogan e de seus antecessores na maior cidade da Turquia.

Críticos veem a condenação de Kaftancioglu como parte de uma repressão à oposição a Erdogan antes das eleições presidenciais do ano que vem.

Omer Celik, porta-voz do partido governista de Erdogan, negou que a decisão tenha motivação política.

Candidatura conjunta da oposição

O vice-presidente do CHP, Seyit Torun, disse à agência de notícias EFE que a manifestação é um sinal de que o governo de Erdogan está chegando ao fim.

“É um protesto não só contra a injustiça contra Kaftancioglu. Há outros presos por razões políticas. Esta manifestação marca o início da nossa marcha rumo a uma república democrática que acaba com o governo de Erdogan”, afirmou.

Kemal Kiliçdaroglu, provável candidato de uma frente de vários partidos da oposição nas eleições presidenciais, disse que “o domínio dos bandidos está acabando”.

“Resta muito pouco tempo, não se preocupem, vamos abraçar-nos livres nas praças, nas universidades, nas ruas deste país”.

No mês passado, um tribunal de Istambul condenou à prisão perpétua um ativista e filantropo proeminente que criticava Erdogan. O tribunal considerou Osman Kavala, 64, culpado de tentar derrubar o governo com protestos em massa em 2013. Governos ocidentais e grupos de direitos humanos criticaram fortemente a decisão.

Erdogan foi primeiro-ministro da Turquia de 2003 a 2014, quando foi eleito presidente.

le (AP, DPA, Reuters, Lusa)