O sol toca o horizonte e as chamas são acesas. Uma multidão silenciosa segue a Virgem Maria que procura seu filho crucificado.

Em Tañarandy, no sul do Paraguai, o país está revivendo a religiosidade popular após dois anos da pandemia.

Mais de 50.000 velas iluminam o caminho no qual se realiza esta tradicional procissão da noite de Sexta-feira Santa.

O percurso de 5 km leva até o templo de San Ignacio, a quatro horas de Assunção, a construção mais antiga das reduções indígenas instituídas pelos jesuítas no Paraguai.

– Maria –

A Virgem, protegida em um nicho, aparece com traços de dor no rosto. Foi esculpida em madeira há 400 anos por indígenas das missões jesuítas.

No representação, a Mãe finalmente encontra o corpo do filho quando este é baixado da cruz, já dentro da Igreja.

O Cristo data de 1669, esculpido em madeira policromada, diz o curador do museu, Carlos Bedoya.

Com o fim das restrições devido à pandemia, o pároco, o espanhol David Hernández, decidiu retirar da galeria dos santos uma das imagens mais preciosas, a do Cristo crucificado, exibida diante de um público massivo apenas duas vezes: durante as visitas dos papas João Paulo II, em 1988, e Francisco, em 2015.

“Resume uma paz, uma fé e uma confiança de que o amor é mais forte que a própria morte e finalmente triunfa com a Ressurreição”, diz Hernández sobre a figura do século XVII.

Cerca de 10.000 pessoas, segundo a polícia, assistiram à procissão em Tañarandy este ano, uma tradição em devoção e turismo, anteriormente interrompida pela covid-19.