Milhares de migrantes iniciaram, nesta segunda-feira (30), uma marcha em Tapachula, sul do México, exigindo das autoridades permissões de trânsito que lhes permitam avançar em direção aos Estados Unidos sem medo de serem deportados.

Com suas bagagens e crianças nos ombros ou em carrinhos, estrangeiros de diferentes países saíram ao amanhecer e percorreram 15 km até a comunidade de Viva México, em Tapachula (fronteira com a Guatemala), porta de entrada para centenas de milhares de migrantes que fogem da violência e da pobreza.

“Queremos permissões. A contenção que estão vendendo é nossa morte”, dizia um cartaz estendido na frente da caravana, referindo-se ao endurecimento das medidas nos Estados Unidos e no México para conter a migração irregular.

Recentemente, Washington acertou com o governo da Venezuela um plano para deportar cidadãos daquele país que tenham entrado ilegalmente após 31 de julho. Enquanto isso, o México se comprometeu com os Estados Unidos a receber os migrantes sem documento e entregá-los às autoridades de seus países de origem.

“Não há fontes de emprego, as gangues amedrontam as pessoas, e é por isso que se toma a decisão de sair com a família do nosso país para ver se conseguimos realizar o sonho americano”, disse o hondurenho Mateo Amaya à AFP.

“Está difícil lá… Não há trabalho, não há nada, por isso decidi tentar”, acrescentou sua compatriota Yolanda Morales, no meio da multidão onde se destacava uma cruz.

Milhares de migrantes se acumulam em Tapachula, no estado de Chiapas, aguardando permissões de trânsito ou refúgio para continuar sua jornada em direção ao norte do México e tentar atravessar a fronteira com os Estados Unidos. Muitos passam semanas lá esperando por esses documentos.

“As hospedagens estão muito caras, muitas pessoas estão em situação de rua, têm que decidir se alugam um quarto ou se alimentam, e os dias passam”, declarou à imprensa o ativista mexicano Irineo Mujica, um dos organizadores da mobilização.

Além disso, “o crime organizado está sobre os migrantes, por isso, com esta mobilização, estamos tentando salvar vidas e evitar que os migrantes sejam sequestrados”, acrescentou.

Nos últimos meses, houve marchas semelhantes em Chiapas, mas elas se dissiparam à medida que as autoridades migratórias concederam permissões de trânsito aos migrantes em pontos intermediários.

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