Os líbios comemoraram, nesta sexta-feira (17), o sexto aniversário do início da Revolução que derrubou o regime de Muammar Kadhafi em 2011, em um clima de incerteza devido à profunda crise política e à insegurança persistente no país.

Em Trípoli, milhares de líbios se juntaram à tarde na Praça dos Mártires, protegida por estritas medidas de segurança.

Nas principais vias da cidade, dezenas de carros seguiam desfilando à noite, ao som das buzinas.

Rida al-Mahmudi, de 62 anos, assegurou ter mandado seus dois filhos para a Praça dos Mártires para que se unissem à multidão.

“São adolescentes. Se lhes disser que o país está um caos, não entenderão. Tudo o que devem saber é que, há seis anos, nos desfizemos de 42 anos de ditadura brutal”, explicou.

Como eles, muitos líbios não tinham ânimo para festejar o aniversário em um país que está à beira da anarquia. Ainda que outros, como Fátima al-Arbi, de 59 anos, considerem necessário fazê-lo.

“Devemos comemorar esse aniversário, apesar de tudo o que acontece no país”, opinou, acrescentando que “não quero que meus netos esqueçam o significado deste dia”.

Também houve comemorações em outras cidades como Benghazi, onde ocorreu a primeira manifestação contra o regime de Kadhafi, em 15 de fevereiro de 2011.

O movimento de protesto e sua repressão por parte do regime deram lugar a um conflito armado que deixou milhares de mortos e feridos, provocando a queda de Kadhafi, no fim de agosto, e sua morte, em 20 de outubro.

Desde então, a Líbia vive uma situação de desconcerto, com duas autoridades políticas que disputam o poder: de um lado, o Governo de União Nacional (reconhecido pela comunidade internacional), com sede em Trípoli e, de outro, uma autoridade rival que controla grande parte do leste e se apoia no Parlamento eleito de Tobruk.

Além disso, aproveitando o caos, os extremistas – em particular os do grupo Estado Islâmico (EI) – converteram o imenso território líbio em um de seus refúgios. Em dezembro, porém, perderam seu reduto de Sirte.