Milhares de manifestantes saíram às ruas nesta sexta-feira no Iraque para protestar contra o Irã e os Estados Unidos, cujos recentes ataques no Iraque ameaçaram mergulhar o país no caos.
A mobilização de hoje relança uma revolta sem precedentes no Iraque, ofuscada recentemente pela escalada de tensões entre os dois patrocinadores de Bagdá.
Na Praça Tahrir de Bagdá, assim como em várias cidades do sul do Iraque, milhares de iraquianos marcharam aos gritos de “Não ao Irã! Não à América”, em passeatas de escala sem precedentes em semanas, constataram jornalistas da AFP.
Há vários dias, nas redes sociais, chamadas foram feitas para relançar o movimento social iniciado em 1º de outubro nesta sexta-feira, 10 de janeiro.
Desde a noite de quinta, confrontos foram registrados entre manifestantes e policiais em Kerbala (sul), enquanto militantes foram presos em Basra (sul), informaram correspondentes da AFP.
Há mais de três meses, os iraquianos denunciam seus líderes, acusados de serem “incompetentes” e “ladrões” no décimo segundo país mais corrupto do mundo, segundo a organização Transparência Internacional.
A classe dominante está em apuros há semanas e não consegue chegara a um acordo para nomear um substituto para o primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi e seu governo.
“Ao relançar as manifestações, mostramos nosso apego às demandas da revolução de outubro: que nossos líderes parem de monopolizar os recursos de nosso país”, disse à AFP Haydar Kazem em Nassiriya (sul).
O movimento, inédito por ser espontâneo, foi pontuado pela violência e reprimido pelas forças de ordem. Desde o início dos protestos, cerca de 460 pessoas morreram – quase todas manifestantes – e mais de 25.000 ficaram feridas.
Além disso, uma vasta campanha de intimidação, assassinatos e sequestros de ativistas prejudicou bastante as fileiras dos protestos.
Mas quando os olhos do mundo inteiro estão voltados para o Iraque, onde Washington e Teerã trocaram tiros de drones e mísseis, os iraquianos irados pretendem recuperar o controle, dispensando americanos e iranianos consecutivamente.
O poder, como as forças de segurança, é dominado atualmente pelos pró-Irã e o Parlamento exige a saída das tropas americanas que as facções pró-Irã denunciam como uma “força de ocupação”.
Os manifestantes também querem acabar com o domínio de Teerã.
E, acima de tudo, exigem melhorias nas condições de vida no segundo país produtor de petróleo da OPEP, onde um em cada quatro jovens está desempregado e um em cada cinco habitantes abaixo da linha de pobreza.