Milei apresenta reforma do código penal que endurece penas de prisão na Argentina

REUTERS/Alessia Maccioni
O presidente argentino Javier Milei durante o evento Foto: REUTERS/Alessia Maccioni

O presidente argentino Javier Milei apresentou nesta quinta-feira (2) um projeto de reforma do Código Penal sob o lema “Tolerância Zero”, que prevê um endurecimento generalizado das punições, a redução da maioridade penal e a aceleração dos processos judiciais.

+ Bolsa da Argentina tem pior desempenho do mundo em 2025; veja ranking

A apresentação da iniciativa, no complexo penitenciário de Ezeiza, no sul de Buenos Aires, ocorre na reta final para as eleições legislativas de meio de mandato, marcadas para 26 de outubro.

O pleito será crucial para o mandatário ultraliberal, que atravessa uma etapa política difícil e busca aumentar sua escassa base parlamentar.

“A ordem é uma pré-condição para ter tolerância zero. Aqui se faz, aqui se paga”, declarou Milei em um breve discurso com tom de campanha, ao lado da ministra da Segurança, Patricia Bullrich, e do ministro da Justiça, Mariano Cúneo Libarona.

Segundo o projeto, o roubo seria punido com um ano de prisão no mínimo, em vez de um mês, e a pena máxima aumentaria de dois para três anos, e de seis para oito anos em casos de roubo com uso de força.

O homicídio simples levaria a uma pena de 10 a 30 anos de prisão, em voz dos oito a 25 atuais. A prisão perpétua já é possível para os casos de homicídio qualificado.

A pena máxima por posse de pornografia infantil com fins de distribuição aumentaria de dois para 12 anos de prisão.

A pena máxima por agressões durante manifestações seria elevada para cinco anos, em vez dos dois atuais, e até nove anos se o ataque for dirigido contra um membro das forças de segurança.

Além disso, a menoridade penal cairia de 16 para 13 anos.

O projeto também prevê a eliminação da prescrição para os crimes mais graves, como homicídio, delitos sexuais, tráfico de pessoas e de drogas. Atualmente, a imprescritibilidade só se aplica para os crimes de lesa-humanidade.

“Se este grupo de reformas será implementado ou não, depende do Congresso da Nação”, disse Milei.

“Depende de que os ocupantes das cadeiras do Poder Legislativo tenham a vocação de estar ao lado das vítimas, e não ao lado dos criminosos”, concluiu.

O Congresso, onde o partido de Milei é minoria, impôs um revés ao mandatário nesta quinta-feira, ao reverter dois vetos presidenciais e deixou firmes as leis que ampliam a destinação de verbas a universidades e hospitais pediátricos.