MILÃO, 30 SET (ANSA) – Após quase 12 horas de debates, a Câmara Municipal de Milão aprovou na madrugada desta terça-feira (30) a venda do estádio San Siro à Internazionale e ao Milan, que demolirão o mais emblemático estádio do futebol italiano para construir uma nova arena particular.
A medida defendida pelo prefeito de centro-esquerda Giuseppe Sala recebeu 24 votos e 20 contrários e prevê o repasse do San Siro e das áreas adjacentes aos dois clubes da cidade por um valor de 197 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão).
A votação encerra anos de discussões, polêmicas e reviravoltas a respeito do futuro do estádio, que completará 100 anos em 2026 e é o maior da Itália, com capacidade para cerca de 80 mil torcedores. “Conseguimos escrever uma nova página, e estamos apenas no início”, celebrou a vice-prefeita de Milão, Anna Scavuzzo.
Já a Inter e o Milan, que chegaram a ameaçar levantar estádios próprios fora de Milão, divulgaram um comunicado em que expressam “satisfação” pelo resultado positivo. “É um passo histórico e decisivo para o futuro dos clubes e da cidade”, afirma a nota, acrescentando que a nova arena cumprirá “os mais elevados padrões internacionais e se tornará um ícone arquitetônico para Milão”.
O projeto dos arquirrivais deve custar 1,2 bilhão de euros (R$ 7,5 bilhões) e prevê não apenas a demolição parcial do San Siro e a construção de um novo estádio de 71 mil lugares, mas inclui também um museu, lojas oficiais dos dois times, espaços comerciais, um centro médico, escritórios, um hotel, restaurantes, áreas verdes e diversos campos esportivos.
Em contrapartida, a Prefeitura de Milão investirá 22 milhões de euros (R$ 69 milhões) na reconstrução de um túnel viário e em paisagismo. O projeto arquitetônico foi confiado aos renomados estúdios Foster + Partners e Manica, mas as obras devem começar apenas no primeiro semestre de 2027.
O estádio será levantado em terrenos ocupados hoje por estacionamentos, e a previsão de Inter e Milan é inaugurar a nova arena em 2031, a tempo da Eurocopa de 2032, que será sediada por Itália e Turquia.
Enquanto isso, o San Siro continuará sendo usado, inclusive para a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Inverno de Milão e Cortina d’Ampezzo, em fevereiro de 2026. O histórico estádio deve ser quase totalmente demolido apenas em 2031.
Com a aprovação da venda, a Prefeitura e os dois clubes agora devem correr contra o tempo para concluir a operação antes de 10 de novembro, quando o segundo anel do San Siro passará a ser tombado como patrimônio histórico por completar 70 anos de sua construção, medida aplicada de forma automática para todos os bens públicos. (ANSA).