A cidade de Milão, capital econômica da Itália, “é como uma bomba” devido à grande quantidade de pessoas infectadas que circulam, correndo o risco de uma nova onda de contágios do coronavírus, alertou nesta sexta-feira (8) o conhecido virologista Massimo Galli.

“A situação de Milão é como uma bomba, porque muitas pessoas permaneceram trancadas em suas casas enquanto estavam infectadas” e não foram submetidas a testes, explicou o professor Massimo Galli, diretor do departamento de doenças infecciosas do prestigioso hospital milanês Sacco, em entrevista ao jornal La Repubblica.

“Temos um número alto de pessoas infectadas que voltaram a circular”, alertou, ao referir-se à retomada gradual das atividades industriais e comerciais iniciada na segunda-feira em toda a península.

“É fato que a reabertura das atividades apresenta problemas. É possível que nossa região (Lombardia, da qual Milão é a capital) tenha que voltar a decretar o confinamento, assim como em certas áreas de Piamonte e Emilia-Romaña”, afirmou.

A região da Lombardia está entre as áreas mais afetadas pela epidemia de COVID-19, com quase 15.000 mortes das quase 30.000 em todo o país e mais de 80.000 casos dos 215.000.

Fotos de muitas pessoas, grande parte delas sem máscara, caminhando pelos canais de Milão para tomar um aperitivo sob o sol, estamparam as capas dos jornais italianos nesta sexta-feira.

“Há momentos em que é legítimo sentir nojo e este é um deles: as fotos de quinta-feira dos canais são uma vergonha”, lamentou o prefeito Giuseppe Sala em uma publicação no Facebook.

O prefeito não descarta decretar o fechamento da célebre região de Navigli, onde bares reabriram para atender pedidos de entrega, já que centenas de pessoas se aglomeraram para beber em grupos nas margens dos canais.

“Ou as coisas mudam a partir de hoje (…) ou tomo medidas, fecho Navigli e proíbo a entrega de comida de bares e restaurantes”, ameaçou Sala, indignado.

A chamada Fase 2, com a reincorporação a partir de 4 de maio de cerca de 4,4 milhões de funcionários do setor de construção, fábricas e oficinas, tem sido mais complicada do que parece.

Os italianos também podem sair para caminhar e inclusive andar de bicicleta, correr e até mesmo visitar familiares e amigos próximos, mas sempre respeitando as medidas de distanciamento social e contando com que usem máscaras, o que nem todos cumprem.

O presidente da região, Attilio Fontana, também teme um aumento da curva epidemiológica devido ao comportamento dos milaneses após dois meses de confinamento.

“É o momento mais delicado, há muita gente nas ruas”, reconheceu.