Milão inaugura nesta sexta-feira (10) a “Semana de Moda” masculina com um calendário cheio graças à volta de marcas famosas de olho no bom momento do setor.

Várias marcas, entre elas Salvatore Ferragamo e N°21, que optaram por participar dos desfiles de moda mista da Semana da Moda Feminina, decidiram voltar às passarelas do calendário masculino.

Milão vai ampliar essa edição com um dia extra, estendendo-se até a terça-feira, quando desfila a Gucci, uma das marcas que voltaram ao evento apenas com modelos masculinos.

A Câmara de Moda Italiana “lutou nos últimos anos” para que a Semana de Moda tivesse a duração original, o que não acontece desde 2017, disse em entrevista coletiva o presidente Carlo Capasa.

“Os desfiles de moda separados e a semana mais longa mostram que o mundo da moda para homens e seus acessórios está crescendo”, disse em entrevista à AFP Stefania Saviolo, diretora do centro de moda da Universidade Bocconi.

Em Milão, “em termos de valor, o homem representava aproximadamente um terço do setor, e a mulher dois terços”, disse.

– Aliada a Londres, apesar do Brexit –

A moda masculina “precisa de mais visibilidade”, segundo a especialista, já que é um setor marcado pela inovação e o surgimento e desenvolvimento de novas marcas.

A forte contaminação entre o look formal (que está diminuindo) e a informal é importante, assim como as incursões do streetwear, da moda esportiva, das jaquetas de plumas, sapatilhas e a roupa técnica, explica.

Segundo o Euromonitor International, o faturamento da moda masculina aumentou 4,5% em 2019 em todo o mundo, um pouco mais que a moda feminina (+ 4,3%), com aumento de 2,9% na Europa Ocidental (+ 2.1% para mulheres).

A Semana de Moda milanesa desse ano vai apresentar 77 coleções para o outono-inverno 2020-2021, segundo o calendário oficial, 26 delas em desfiles.

O evento começa nessa sexta-feira com os desfiles da Dsquared2, marca dos gêmeos canadenses Dean e Dann Catten, que comemoram 25 anos no mundo da moda.

Os desfiles incluem também coleções de Ermenegildo Zegna, Armani, Dolce e Gabbana (que desfila como sempre fora do calendário), Fendi e Prada, que voltam após uma etapa de desfiles em Xangai.

Nesse novo calendário está a marca MSGM, que em junho do ano passado preferiu desfilar em Florença, assim como a marca Iceberg, após três temporadas em Londres.

A Versace não vai participar do evento e optou por um desfile misto em fevereiro durante a Semana de Moda feminina.

A edição desse ano será marcada pela colaboração sem precedente com o British Fashion Council (BFC).

“Uma parte da Semana de Moda de Londres está chegando ao Milão”, disse Capasa, reconhecendo a atração provocada em Milão nesse momento.

“Também é uma mensagem que estamos enviando em pleno Brexit: nós, como empresas de moda, queremos que nossos países continuem colaborando”, disse.

No programa, que tem como lema “London Show Rooms”, participam estilistas emergentes britânicos e italianos, está uma instalação artística que será montada para o desfile da marca A-Cold-Wall, do jovem estilista inglês Samuel Ross.