Migrantes que foram reenviados da Grécia à Turquia em virtude do recente acordo entre Ancara e a União Europeia são impedidos de solicitar asilo na Europa, denunciaram nesta terça-feira três eurodeputados de esquerda.

“Todos os refugiados com quem falamos nos disseram que nós não demos a eles a oportunidade de pedir asilo, tanto na Grécia quanto na Turquia”, em violação aos dispositivos do acordo, informaram durante uma coletiva de imprensa no Parlamento Europeu em Estrasburgo.

Os deputados visitaram de 2 a 4 de maio centros de retenção turcos, próximos das fronteiras grega e búlgara.

Os migrantes “disseram que não sabiam o que iria acontecer com eles e que não tinham recebido nenhuma informação de sua chegada na Turquia”, acrescentaram os deputados, membros da Esquerda Unitária Europeia (GUE).

“Os problemas começam na Grécia”, onde os migrantes “não têm oportunidade de apresentar um pedido de asilo. Esse direito é negado, tentam dissuadi-los e não dão quaisquer informações a eles”, explicou a deputada alemã Cornelia Ernst.

Uma vez na Turquia, a maioria dos migrantes sírios – que, a princípio, não poderiam ser devolvidos ao seu país dilacerado pela guerra – vivem fora dos campos, explicou a espanhola Marina Albiol.

“A situação é terrível, eles são explorados. Crianças de dez anos são obrigadas a trabalhar em fábricas”, denunciou.

Os não-sírios “são internados em campos que são prisões, com policiais armados, tudo isso financiado pela UE,” denunciou Ernst.

O acordo é “cruel, desumano e mais ilegal porque viola a Convenção de Genebra e a Convenção Europeia dos Direitos Humanos”, criticou Albiol.

Assinado em Bruxelas, em 18 de março, mas particularmente criticado pela ONU e ONGs, o Acordo UE-Ancara prevê o retorno à Turquia de todos os migrantes que chegaram na Grécia a partir de 20 de março.

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