A “Via-crúcis Migrante” que provocou a ira do presidente Donald Trump, começou a se dispersar nesta quinta-feira (5) no sul do México e alguns deles começaram a chegar ao estado de Puebla, onde advogados os esperavam para assessorá-los sobre a possibilidade de pedir refúgio no México ou nos Estados Unidos.

Dos mais de mil migrantes que chegaram desde o fim de semana passado à comunidade Matías Romero, no estado de Oaxaca, restavam apenas algumas centenas, depois que muito tomaram seu caminho à noite e ao longo da madrugada.

Alguns dos migrantes da caravana começaram a chegar a Puebla na tarde de quinta-feira, entre eles Amilkar, um camponês hondurenho de 25 anos que se negou a dar seu sobrenome.

“Eu trabalhava no campo, mas em Honduras há muita violência, as gangues te ameaçam, e mesmo que você não tenha nada a dar, elas não entendem. Além disso, não há trabalho”, comentou à AFP na Paróquia Assunção, um dos quatro avrigos preparados para receber os migrantes.

Caminhões cheios de alimentos e enormes tonéis de água para atender os estrangeiros podiam ser vistos do lado de fora da igreja.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira que pretende enviar entre 2.000 e 4.000 membros da Guarda Nacional à fronteira com o México, na primeira referência à magnitude da mobilização.

Trump disse que o destacamento das tropas da Guarda Nacional seria de “entre 2.000 e 4.000” efetivos, e acrescentou que “provavelmente” eles permanecerão nessa atividade até que o país construa um muro na fronteira.

O presidente do México, Enrique Peña Nieto, reagiu, dizendo que as ameaças e faltas de respeito nunca se justificarão na relação com os Estados Unidos.

“Trata-se de uma relação intensa e dinâmica (com os Estados Unidos), que naturalmente também nos apresenta desafios. Mas esses desafios nunca justificarão atitudes ameaçadoras ou faltas de respeito entre nossos países”, disse Peña Nieto em uma mensagem difundida por suas redes sociais.

A caravana arrancou em 25 de março de Tapachula, na fronteira com a Guatemala. Os migrantes centro-americanos que a integram receberam do Instituto Nacional de Migração (INM) dois tipos de permissão de estada.

Uma, por 20 dias, foi entregue aos que quisessem deixar o país. Outra, de 30 dias, para aqueles que buscam e são candidatos a iniciar o pedido de refúgio no México, especialmente os que viajam com crianças.

Essa via-crúcis, que tinha como intenção inicial chegar aos Estados Unidos, acontece desde 2010 para dar visibilidade à dramática passagem dos centro-americanos pelo México em seu desejo de chegar à fronteira norte.

Desde o domingo passado, pelo Twitter, Trump ataca o avanço dessa caravana e exige que o México a detenha. Na quarta-feira, o presidente americano assinou uma ordem para enviar a Guarda Nacional para a fronteira sul.

Ontem, os organizadores da caravana anunciaram que desistiam de chegar aos Estados Unidos e que terminariam o trajeto na capital mexicana. Garantiram, porém, que não receberam pressões do INM para dissolver o grupo.