A migração de parte da receita de restaurantes e hotéis para aplicativos de entrega e de hospedagem explica a dificuldade de a atividade de serviços prestados às famílias retornar ao patamar pré-pandemia, avaliou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O volume de serviços prestados no País funcionava em junho em patamar 12,1% superior ao de fevereiro de 2020, antes do agravamento da crise sanitária no País. Entre as atividades pesquisadas, os transportes operavam 23,5% acima do nível pré-covid; serviços de informação e comunicação, 18,3% acima; outros serviços, 0,3% acima; e serviços profissionais e administrativos, 9,8% acima. Já os serviços prestados às famílias ainda estavam 2,5% abaixo.

“Esse é o menor nível de distância que serviços prestados às famílias têm em relação ao pré-pandemia”, ponderou Lobo, frisando a melhora proporcionada pelo retorno à normalidade do consumo desse tipo de serviço após o fim das restrições impostas pela covid-19.

Por outro lado, o pesquisador do IBGE lembra que os aplicativos de entrega “detêm uma parte das receitas de restaurantes”.

“Então parte dessa receita migra para os serviços profissionais, complementares e administrativos, onde está a receita desses aplicativos de entrega”, explicou.

No caso dos hotéis, as outras formas de hospedagem contratadas através de sites e aplicativos também são investigadas na atividade de serviços profissionais, complementares e administrativos. Segundo ele, esse movimento de compartilhamento de receita e perda de faturamento em função dos aplicativos e novas formas de intermediação de serviços “é natural” na economia.

“As famílias estão consumindo hospedagem, mas não necessariamente os recursos estão indo para serviços prestados às famílias”, disse ele. “Parte dessa receita não voltou para os serviços prestados às famílias, ela foi para outra atividade econômica (serviços profissionais e administrativos).”