A expectativa de corte na taxa básica de juros já está no radar dos administradores de recursos de terceiros. Estacionada em 14,25% ao ano desde julho de 2015, a Selic deve começar a cair no segundo semestre e pode ser o momento de iniciar a migração para produtos mais arriscados, mesmo que de uma maneira indireta, por meio de fundos de investimentos, avaliam especialistas de gestoras.

A consultora de investimentos da Órama, Sandra Blanco, destaca que faz sentido manter parte do dinheiro aplicado em fundos de curto prazo. “Assim, o dinheiro fica mais acessível para resgate quando essas oportunidades aparecerem”, afirma.

Para Alexandre Silverio, gestor de renda variável da AZQuest, a definição sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a aprovação de reformas fiscais vão determinar o momento de queda dos juros e início de uma saída parcial da renda fixa.

Por enquanto, os investidores continuam mantendo boa parte de seu capital em fundos mais conservadores. Os dados mais recentes da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), até 21 de junho, mostram que a captação dos fundos de renda fixa no ano chega a R$ 30,8 bilhões, enquanto as aplicações nos fundos de ações não só não cresceram como vêm registrando saques que já chegam aos R$ 5,6 bilhões.

Os fundos multimercados, apontados como alternativa de diversificação, acumulam entradas de R$ 3,2 bilhões no mês e de R$ 2,7 bilhões no ano. Neste caso, contudo, o desempenho é puxado pelo multimercado para investimento no exterior, destinado a investidores qualificados.

Brexit

A saída do Reino Unido da União Europeia, decidida na semana passada, vai trazer mais incerteza ao cenário internacional, embora os efeitos no mercado brasileiro tenham se mostrado, por ora, ainda limitados.

“A decisão deve ter um impacto relevante para o crescimento da Europa e prejudicar as bolsas mundiais e a local”, afirma Leonardo Uram, gestor de fundos da Guide Investimentos.

Uram afirma, contudo, que essa possibilidade já estava prevista em seu cenário. Ele recomenda fundos que aplicam em títulos atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA, e fundos multimercados – que mesclam as aplicações entre renda fixa, ações e moedas, entre outros – como maneiras de proteger os investimentos e tentar lucrar mais com apostas um pouco mais arrojadas.

Ações

Quem já opera no mercado de ações precisou, em meio ao cenário incerto, mudar a estratégia. No BNP Paribas, o time de analistas formalizou, desde agosto do ano passado, uma metodologia que, em 27 operações, só em uma não teve retorno. O melhor resultado foi positivo em 20% e o pior, negativo em 3,89%.

Para isso, foram eleitas vinte companhias consideradas promissoras e para cada uma foram estabelecidos preços de entrada e de saída nos papéis. “Passamos a usar a volatilidade a favor do investidor”, diz Mauro Rached, diretor do BNP Paribas Wealth Management Brasil.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.