O depoimento de Pazuello comprovou a competência dos profissionais de mídia training do Brasil.

O Planalto estava em pânico, afinal a inépcia de Pazuello é flagrante.

O que poderia fazer sob interrogatório, um general especializado em logística que enviou 78 mil doses de vacina que caberiam ao Amazonas para o Amapá?

Então botaram o sujeito para treinar.

Como se não bastassem os ensaios, ainda conseguiram um Habeas Corpus que garantia seu silêncio no caso de aparecer uma pergunta que tivesse escapado ao treinamento.

Não foi necessário.

Pazuello nadou de braçada em meio aos tubarões do Senado que tentaram morder um único deslize que o comprometesse.

O media training valeu, ao governo, cada centavo que você e eu pagamos.

Por isso, após analisar cada uma de suas respostas, separei cinco dicas que podem servir para você, cidadão comum, caso tenha que enfrentar um interrogatório.

Comece por apresentar-se com humildade. Bem vestido, mas nunca arrogante.

Puxe o saco descaradamente. Afirme que está ali para ser sincero. E mesmo que a pandemia seja coisa do passado, vá de máscara para poder rir da cara de todo o País sem ser detectado.

Isso posto, vamos ao que importa.

1. Sobre mentir.

Mentiras são mentiras quando alguém prova a verdade. Em qualquer pergunta, pense: podem provar que estou mentindo? Se a resposta for negativa, minta como se não houvesse amanhã.

Mentiras são úteis também para quando questionarem suas crenças, em perguntas do tipo “o senhor acredita…”, “o senhor acha…” ou “o senhor tentou…”.

Mesmo que você tenha agido diferente do que acredita, a pergunta não foi essa.

Eles que aprendam a perguntar.

2. Quando acuado.

Essa é a técnica mais importante a ser dominada.

Basta um escorregão e você pode sair algemado (se não tiver Habeas Corpus, claro).

Respire fundo e elabore a resposta com a mesma incongruência que um candidato despreparado faria numa redação do ENEM.

Inicie a resposta dois meses antes do período que pergunta está focada.

Inclua o maior número de personagens e diálogos irrelevantes.

Faça ilações polêmicas, que nada têm a ver com o assunto.

Confunda com conclusões que ninguém compreende.

Subitamente interrompa a resposta.

Obrigue a perguntarem de novo.

Repita a operação até que o tempo do interrogador se esgote.

3. Descubra um elogio.

Muitas vezes o interrogador vai bajular você para tentar derrubá-lo, fisgando seu ego.

Não caia nessa. Lembre-se que hoje você não tem ego.

Ao ser elogiado (de forma sarcástica ou não), essa é sua deixa.

Esqueça a pergunta e se atenha ao elogio, da forma mais humilde possível.

Rasteje.

Diga que o mérito não é seu, mas sim de sua equipe.

Se perceberem sua estratégia, utilize a técnica 2.

4. Quando acusarem seu chefe.

Nada é mais importante do que livrar a cara do chefe.

Foi ele quem contratou seu mídia training e é ele que vai conseguir seu próximo emprego.

Então negue.

Negue que alguma vez falou com ele. Negue que teve reuniões. Negue que recebeu ordens.

Quando mostrarem vídeos de vocês dois juntos, diga que vídeo é “coisa de internet”, como se internet fosse um universo paralelo.

Se, finalmente, o colocarem na parede, responda: “desculpe, mas não posso responder por ele.” e parta para a técnica

5. Passe mal.

Passar mal não é vergonha para ninguém.

Um mal súbito, uma pressão alta, uma tontura, podem vira calhar para ganhar tempo.

E na grande ordem das coisas, depois de suas infinitas respostas, ninguém vai lembrar essa fraqueza.

Estou certo que com essas dicas você vai se dar bem.

Entre confiante de que a indústria do mídia training vive disso há décadas e não vai ser você a contrariar a regra.

Boa sorte.

O País precisa de brasileiros como você.