As eleições municipais deste ano, que levaram milhões às urnas no último domingo, seguem, ainda, indefinidas em algumas capitais onde haverá segundo turno. Que sigla ou grupo político será o grande vitorioso, só o tempo e o Tribunal Superior Eleitoral dirão. No entanto, o grande perdedor da corrida eleitoral já tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro. Com popularidade em descida vertiginosa, o capitão revelou-se o pior cabo eleitoral das últimas décadas. Enquanto seus antecessores, FHC, Lula e Dilma usaram seu prestígio para alavancar candidatos e melhorar o desempenho de seus partidos ou grupos políticos, Bolsonaro atuou como um Midas às avessas.

Das treze candidaturas que tocou, recomendando explicitamente seus candidatos, nove viraram cinzas. Após receber as “bênçãos” do Bolsonarismo, o candidato Celso Russomano, que vinha no encalço do tucano Bruno Covas, viu seu sonho de ocupar a prefeitura virar fumaça. Russomano minguou tanto na disputa que terminou amargando o quarto lugar. Em Belo Horizonte, outra derrota acachapante para os apadrinhados do Jair. Bruno Engler (PRTB), que chegou a figurar nas lives do presidente, foi varrido do mapa por Alexandre Kalil, o outsider que se consolidou na política por mais quatro anos.

Das treze candidaturas que o presidente Bolsonaro tocou, recomendando explicitamente seus candidatos, nove viraram cinzas

No Recife, os eleitores decidiram não seguir as recomendações do presidente. A delegada Patrícia, do Podemos, apoiada publicamente por Bolsonaro, obteve parcos quatorze por cento dos votos e passou longe do segundo turno. O presidente ainda serviu de âncora para afundar outras candidaturas, como a do Coronel Menezes, do Patriotas. Padrinho de casamento de Jair Bolsonaro, o militar ficou em quinto lugar na eleição para prefeito de Manaus, mesmo depois de figurar na “cola eleitoral” do presidente. A maldição do Bolsonarismo atingiu até quem leva Bolsonaro no nome. A ex-mulher do presidente, Rogéria, candidata a vereadora no Rio, teve votação pífia. Sangue do próprio sangue, o filho Carlos Bolsonaro escapou do infortúnio — para o bem ou para o mal. Foi reconduzido à Câmara, mas com votação bem mais modesta que em 2016.

O desempenho de Bolsonaro como cabo eleitoral foi tão vexatório que o próprio presidente apagou o post que publicou domingo no Facebook onde pedia voto para seus candidatos, prevendo a derrota dos apaniguados. Com a reputação de mal a pior, é de se perguntar se o Bolsonarismo resistirá a mais uma prova nas urnas. Restará ao atual residente do Palácio do Planalto promover o próximo candidato a síndico de condomínio na Barra da Tijuca, após ser despejado de Brasília?

A saber.