Por Timothy Gardner

WASHINGTON (Reuters) – A empresa norte-americana de fusão nuclear Helion Energy fornecerá à Microsoft eletricidade em cerca de cinco anos, disseram as empresas nesta quarta-feira, no primeiro acordo desse tipo para a fonte de energia que alimenta o Sol, mas que tem representado um desafio de ser reproduzida pelo homem.

A fusão ocorre quando dois átomos leves, como o hidrogênio, aquecidos a temperaturas extremas, se fundem em um átomo mais pesado, liberando grandes quantidades de energia. Até agora, as reações de fusão realizadas em laboratório foram momentâneas e consomem mais energia do que liberam. Mas empresas do setor levantaram cerca de 5 bilhões de dólares em financiamento privado para pesquisa e desenvolvimento para tornar a fusão uma realidade comercial.

A expectativa é que a usina da Helion esteja em funcionamento em 2028. A instalação terá como meta a geração de 50 megawatts ou mais após um período de um ano. Um megawatt pode abastecer cerca de mil residências nos Estados Unidos em um dia normal.

“Cinquenta megawatts é um grande primeiro passo da fusão em escala comercial, e a receita obtida realimenta o desenvolvimento de mais usinas”, disse David Kirtley, fundador e presidente-executivo da Helion.

O reator Polaris, a máquina de sétima geração da Helion, deve entrar em operação no próximo ano e demonstrar geração de eletricidade, usando uma mistura de tecnologias de laser e magnetismo para alcançar a fusão, disse Kirtley. Em 2021, a Helion foi a primeira empresa privada a atingir 100 milhões de graus Celsius, enquanto a temperatura ideal é cerca do dobro disso, disse Kirtley.

Enquanto muitas empresas de fusão buscam o trítio, um raro isótopo de hidrogênio, para ajudar na reação, a Helion planeja usar o hélio 3, um tipo raro do gás usado também na computação quântica.

Até agora, a empresa levantou mais de 570 milhões de dólares em capital privado com o presidente-executivo da OpenAI, Sam Altman, fornecendo 375 milhões em 2021.

As empresas não divulgaram os termos do contrato de compra de energia.

A Helion ainda precisa de aprovações de projeto e construção da Comissão Reguladora Nuclear (NRC) dos Estados Unidos, bem como de licenças locais. A indústria de fusão aplaudiu a decisão da NRC no mês passado de separar a regulamentação da fusão da fissão, uma medida que os apoiadores da tecnologia dizem que poderá reduzir prazos de aprovação de licenças.

“O mundo dos negócios está começando a entender que a fusão está chegando e talvez mais cedo que muita gente pensava”, disse Andrew Holland, diretor da Associação da Indústria da Fusão. “É um voto de confiança de que a Helion está no caminho assim como outras empresas estão trabalhando em prova de conceito de suas máquinas.”

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