Um dos setores que mais se transformaram no cenário de pós-pandemia é o de microfranquias, ou home based. Com a retomada econômica, essas empresas atraem investidores que desejam iniciar sua vida como patrão, por conta de seu baixo custo inicial. São consideradas de baixo custo por não exigirem alto capital para sua instalação e nem levam a gastos com aluguéis e condomínios, já que o ponto comercial é, na prática, a residência do franqueado.

Esse movimento se reflete no maior volume de interessados no tema, na venda de unidades franqueadas e no lançamento de modelos com este perfil por parte de redes tradicionais. Atualmente, o franchising nacional responde por 2,4% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e emprega aproximadamente 1,3 milhão de trabalhadores. Segundo a ABF (Associação Brasileira de Franchising), operam no País 557 redes com modelo de microfranquia, sendo 63% puras (apenas com este modelo) e 37% mistas (com os dois modelos). Nos próximos anos, esse número deve aumentar: 36% das redes que ainda não operam com esse tipo de empresa afirmam ter interesse em desenvolver opções operacionais neste formato.

BAIXO CUSTO Diretor da Solar On, Pedro Marçal acredita que a tendência da home based veio para ficar (Crédito:Thiago Bernardes)

A gama de serviços e produtos que esse tipo de franquia oferece é variada. Com a alta da procura por uma energia limpa, a rede carioca Solar On Soluções em Energia Solar começou a oferecer no início desse ano o modelo de franquia home based e já conta com onze franqueados espalhados pelo País. “Optamos por essa mobilidade por ser de baixo custo de operação, e o franqueado tem possibilidade de trabalhar de sua casa e monitorar a região por nós pré-determinada.”, explica Pedro Marçal, diretor de franquias da rede. “É uma boa opção de alcançar uma alta rentabilidade, sem ter que sair de casa”, completa.

Dentro desse contexto de home based, os negócios podem ser montados sem muito investimento ou estrutura, o que facilita muito. “Estando em casa, os gastos serão infinitamente menores; na realidade, o que o empreendedor deverá fazer são ajustes para que ele consiga ter um espaço destinado ao trabalho”, diz, José Fugice, especialista em franquias e CEO do Grupo GoAkira.

Foi diante de uma necessidade pessoal que, em 2020, Rogério André Dulliuse, formado em Logística, criou a Br Postal, empresa de operação logística. Fez isso do zero, devendo aluguel, e hoje tem 62 franqueados e fatura R$ 800 mil por mês. “Com esse modelo é possível dividir os custos operacionais. Ele me isenta a necessidade de abrir filiais. Em troca, o franqueado recebe pronto um modelo de negócio para gerenciar e eu recebo uma comissão pelos envios”, conta.

CUIDADO REDOBRADO Para o CEO do Grupo GoAkira, José Fugice, é preciso muita disciplina para trabalhar em casa e ter sucesso com uma home based (Crédito:Renan Barbieri)

O termo microfranquia não significa que o trabalho será menor, muito pelo contrário. O tempo estimado de retorno do valor investido é de 12 a 18 meses e, por se tratar de um modelo mais enxuto, é necessário que haja uma dedicação maior de tempo e de esforço também, independentemente do segmento. “Acho que a principal vantagem é realmente poder diminuir quase a zero todos os custos envolvidos com ponto fixo, aluguel e todos os encargos para o funcionamento de uma empresa com esse formato, além de você mesmo poder gerenciar o seu tempo, criar suas próprias estratégias”, conta Geison Araujo, franqueado desde 2015 da Prospecta Analytica, uma rede de solução em Big Data.

Home Based cresce no Brasil

Segundo a ABF (Associação Brasileira de Franchising), operam no País 557 redes com modelo de microfranquia

63% puras (apenas com este modelo)

37% mistas (com os dois modelos)

36% das redes que ainda não operam com esse modelo querem aderir

A Home Angels é pioneira quando se fala de microfranquia home based. Fundada em 2009, a rede de cuidadores de idosos supervisionados conta hoje com 97 franqueados em todo o Brasil. “É importante destacar que, como em qualquer negócio, o home based requer dedicação, muita disciplina e pontualidade”, ressalta Artur Hipólito, CEO da Home Angels, um dos precursores do conceito no Brasil. “Fui um dos criadores do conceito no País e o primeiro diretor de microfranquias da ABF”.

Como nem tudo são flores, o conforto de se trabalhar em casa pode ser um fator de distração. “É fundamental que tanto o empreendedor como as pessoas que estão em seu ambiente entendam que o trabalho e a dedicação é a mesma de um negócio presencial”, reforça José Fugice, CEO do Grupo GoAkira.