Perto de fazer o seu primeiro teste pela Ferrari, marcado para ocorrer na próxima terça-feira no circuito de Sakhir, no Bahrein, o alemão Mick Schumacher afirmou nesta quinta que está “totalmente confiante” para lidar com a pressão de quem carrega nas costas o sobrenome e o sangue do piloto mais vencedor da história da Fórmula 1.

Com 20 anos, o filho do heptacampeão Michael Schumacher vai treinar com o carro da escuderia italiana depois de estrear na Fórmula 2 no sábado, justamente no Bahrein, que no domingo será palco da segunda prova do Mundial deste ano da categoria máxima do automobilismo.

Mick vai correr nesta temporada da F-2 pela equipe Prema e é membro da Academia de Jovens Pilotos da Ferrari. E na próxima semana ele participará de dois dias de testes, pois em 3 de abril também estará ao volante de um carro da Alfa Romeo no circuito de Sakhir.

O filho de Michael Schumacher admite que a sua participação no teste pela Ferrari vai mexer com os seus sentimentos, pois foi pela equipe de Maranello que o alemão dominou a Fórmula 1 e conquistou cinco dos seus sétimos títulos na categoria, de forma consecutiva, entre 2000 e 2004. “Com certeza, haverá muitas emoções”, previu Mick. Porém, ele deixou claro que isso não vai atrapalhar o seu desempenho na pista.

Ao projetar a experiência que terá com a Ferrari no Bahrein, o jovem piloto disse que está “totalmente confiante” de que poderá lidar bem com a pressão e afirmou estar se sentindo “muito preparado e 100% pronto” para ter uma boa performance.

CARREIRA APÓS DRAMA – Uma das principais marcas da carreira de Schumacher como piloto era a sua inabalável confiança. E a forte semelhança física de Mick com o pai é evidente, sendo que ele estava esquiando nos Alpes franceses junto com o lendário ex-piloto, em dezembro de 2013, quando Michael sofreu uma queda e bateu forte com a cabeça em uma pedra, em um impacto que abriu o capacete de proteção que usava.

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A partir daquele momento, o heptacampeão de F-1 e recordista de vitórias na categoria, com 91 ao total, iniciou uma dura batalha pela sua vida e depois um longo período de recuperação, atravessado até hoje pelo ex-piloto de 50 anos. E tendo em vista o sigilo mantido pela sua família, ainda é um mistério a condição de saúde do alemão.

Depois do grave acidente de esqui, os médicos trabalharam para remover coágulos de sangue do cérebro de Schumacher, mas alguns foram deixados no órgão porque estavam muito profundamente incorporados. Após correr sério risco de morte, ele teve a sua condição estabilizada e foi colocado em coma induzido, ficando sob efeito de medicamentos durante este processo. E as informações sobre o seu estado de saúde se tornaram ainda mais escassas depois que o alemão deixou, em setembro de 2014, um hospital no qual foi internado ao ser liberado pelos médicos para continuar a sua recuperação na casa onde mora, em Genebra, na Suíça.

É sempre delicado para os jornalistas conversar com Mick sobre o seu pai. Embora relembre com calma o drama vivido desde o fim de 2013, ele ainda se emociona e muda o timbre de sua voz quando é questionado sobre como a influência do seu pai pesou para que ele trilhasse uma carreira no automobilismo.

“Eu não poderia ser a pessoa que sou agora se não fosse por ele”, afirmou Mick no paddock da prova da Fórmula 2 em Sakhir. “Essa é uma questão difícil. Obviamente é uma parte de mim, eu sou seu filho. Ele é meu pai e eu sou feliz. Ele é o melhor de todos a F-1, algo que eu admiro. Eu sou feliz por tê-lo como o meu pai”, completou.

Há dois anos, Mick chegou a dar voltas de demonstração em um carro de F-1 da Benetton que o seu pai guiou durante o campeonato em que ganhou o primeiro dos seus sete títulos na categoria, em 1994. Essa experiência ocorreu no circuito de Spa-Francorchamps, na Bélgica, e marcou a celebração dos 25 anos da primeira vitória do seu pai na categoria máxima do automobilismo.

E o filho de Michael desde muito jovem começou a almejar o sonho de seguir os passos do heptacampeão. “Obviamente nós conversamos sobre alguns pontos no kart. Isso me ajudou bastante ao longo do caminho “, disse Mick. “Dirigindo Go-Karts (tipo de carro desta categoria), eu disse que isso é realmente o que eu queria fazer. Isso é o que eu quero fazer profissionalmente, como carreira e como um trabalho. Então comecei muito cedo, levamos isso muito a sério e trabalhei para isso. Foi muito rápido para o passo internacional no kart”, reforçou.

Em ascensão na sua caminhada até chegar na Fórmula 1, o alemão conquistou o título da Fórmula 3 Europeia no ano passado, com oito vitórias e 14 pódios na 30 provas realizadas, o que o levou a chamar a atenção do mundo do automobilismo e a ser contratado para competir na Fórmula 2.


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