Michelle reage após críticas e diz que não apoiará Ciro: ‘Raposa política’

Ex-primeira-dama cita ofensas a Bolsonaro para justificar a recusa em apoiá-lo ao governo do Ceará e pede perdão aos enteados após críticas públicas

Ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL)
Ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro Foto: REUTERS/Adriano Machado

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro usou as redes sociais para reforçar que não pretende apoiar Ciro Gomes ao governo do Ceará, em resposta às críticas que sofreu de Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro, seus enteados.

Michelle ressaltou que respeita as opiniões dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas “jamais” vai concordar em apoiar a candidatura de Ciro Gomes que, de acordo com ela, causou “tanto mal” ao seu marido e à sua família.

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“Como ficar feliz com o apoio à candidatura de um home, que xinga meu marido o tempo todo de ladrão de galinhas, de frouxo e tantos outros xingamentos? Como ser conivente com o apoio a uma raposa política que se diz orgulhoso por ter feito a petição que levou à inelegibilidade do meu marido e se diz satisfeito com a perseguição que ele tem sofrido?”, questionou a ex-primeira-dama.

Em seguida, Michelle destacou que acredita em uma “política diferente”, na qual não basta “derrotar o PT e a esquerda”, pois “é preciso fazê-lo mantendo-nos fiéis aos nossos valores e agirmos de maneira coerente com eles. (…) Penso que derrotar PT dessa forma seria o mesmo que trocar Joseph Stalin por Vladimir Lenin”.

De acordo com a ex-primeira-dama, Bolsonaro ainda não se manifestou em favor de apoiar Ciro Gomes, e concluiu a nota de esclarecimento pedindo perdão aos enteados. “Vivemos tempos difíceis. Enfrentamos tempestades de injustiças em mares de perseguição agitados. Nesses períodos, é normal que os nervos fiquem à flor da pele e podemos vir a machucar aqueles a quem Jamais gostaríamos de magoar.”

Atrito entre Michelle e Ciro

O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) se uniram ao irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), para enfileirar críticas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que atacou publicamente uma aliança firmada pelo partido para apoiar Ciro Gomes (PSDB) ao governo do Ceará em 2026.

O senador Flávio disse ao jornal O Povo que a ex-primeira-dama “atropelou” seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e defendeu “tapar o nariz” e apoiar o ex-ministro no pleito para garantir ao grupo uma vaga no Senado pelo estado.

Para o parlamentar, Michelle extrapolou sua prerrogativa ao opinar em uma candidatura majoritária e se dirigiu ao deputado André Fernandes, presidente do diretório cearense do PL, de forma “autoritária e constrangedora“.

Horas depois, Carlos foi ao X (antigo Twitter) para endossar o irmão e dizer que o grupo político precisa estar “unido” e respeitar a liderança do ex-presidente sem se deixar levar por “outras forças”.

Licenciado do mandato desde março, Eduardo se uniu ao coro e disse que a madrasta foi “injusta e desrespeitosa” com o correligionário. “Não vou entrar no mérito de ser um bom ou mal acordo, foi uma posição definida pelo meu pai. André não poderia ser criticado por obedecer o líder“, escreveu no X.

O conflito se deve a uma declaração feita por Michelle no domingo, 30, em Fortaleza. A ex-primeira-dama disse que as lideranças locais do PL “se precipitaram” na aproximação com Ciro e se opôs à aliança com um “homem que é contra o maior líder da direita”, em referência ao próprio marido. A declaração ocorreu no lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo-CE) ao governo do estado.

André Fernandes reagiu negativamente à fala de Michelle e, ainda no domingo, disse que Bolsonaro consentiu com o apoio ao ex-ministro em uma ligação com o próprio e o autorizou a articular por isso.

Como a IstoÉ contou nesta reportagem, o pragmatismo está por trás da aliança entre o bolsonarismo e Ciro, crítico conhecido do ex-presidente. Fortalecidas pela eleição para a prefeitura de Fortaleza — em que o próprio André foi derrotado por Evandro Leitão (PT) por uma margem de pouco mais de 10 mil votos –, as lideranças da oposição cearense se aproximaram com a pretensão de encerrar um ciclo de 12 anos de petismo no estado e o ex-presidenciável despontou como nome mais competitivo para isso.