Michel Melamed sobre talk show de improvisação: ‘Não quero ninguém em saia-justa’

Apresentador do 'Polipolar Show', no Canal Brasil, leva rigor e detalhismo a programa visto muitas vezes como caótico

Asafe Ghalib
Michel Melamed Foto: Asafe Ghalib

Há exato um mês no ar, o “Polipolar Show”, no Canal Brasil, tem rendido reflexões, risadas e entretenimento ao público que acompanha a atração comandada por Michel Melamed.

O programa de entrevistas estreou em 29 de maio com o propósito de mostrar o lado espontâneo de seus convidados e do apresentador, sem perder a essência e o detalhismo na sua composição.

O projeto reúne 30 personalidades brasileiras para falar de política, cotidiano, vida pessoal e profissional. O convidado pode cantar, atuar, dançar, o que couber dentro da arte da improvisação, em um bate-papo com o entrevistador com trocas de cenários.

Em entrevista à IstoÉ Gente, o artista reforça que a ideia da atração não é pegar o convidado de surpresa. “Quando a pessoa é convidada, a gente envia programas anteriores, outros projetos, e eu explico isso. O que eu ofereço é a minha cumplicidade, a minha amizade. O programa não é feito para botar ninguém em saia-justa, não é a minha ideia”, afirma.

“Não recebo pessoas de quem eu não gosto. São pessoas muito bem quistas, muito admiradas. Podemos falar do que a gente quiser: do café da manhã de hoje, de onde a gente vai depois da gravação, podemos discutir o Brasil, falar dos nossos trabalhos, falar sobre amor, pé na bunda. Não tem carta na manga. Tem carta na mesa.”

Michel Melamed sobre talk show de improvisação: 'Não quero ninguém em saia-justa'

Michel Melamed e Milhem Cortaz no ‘Polipolar Show’ – Foto: Asafe Ghalib

Michel aproveita a ocasião para afastar estereótipos em relação ao formato do talk show de improvisação, muitas vezes visto como caótico ou sem nenhum tipo de preparo.

“Volta e meia alguém usa a expressão ‘caos’ ou ‘bagunça’. Eu entendo que sejam palavras simplificadoras, que possam ajudar alguém a traduzir o programa, e a maioria dos audiovisuais de variedade não vão ser não lineares, não vão ser fragmentados [diferentemente de como é o ‘Polipolar Show’]”, introduz a explicação.

“[Mas] O programa é uma coisa extremamente e rigorosamente trabalhada. Eu, particularmente, sou uma pessoa um tanto quanto rigorosa, que trabalha muito e é muito detalhista. Então, tudo no programa é muito trabalhado. Tanto, que chega o ponto de o programa começar e está tudo pronto para receber o improviso”, diz Melamed, enfatizando a seriedade do projeto.

“A gente tem uma estrutura muito firme, muito bem desenhada do que a gente vai fazer e, a partir disso, o céu é o limite.”

Ao ser questionado a respeito de como ser uma pessoa pública que não expõe a vida pessoal, Michel Melamed comenta sobre aspectos da fama do artista.

“Estou disposto a compartilhar tudo com aquele convidado. Se a gente entrar em uma onda de falar de vida pessoal, eu não vou ter restrição de falar tudo íntimo meu, porque eu estou lá. O que é diferente de querer contar a minha vida no Instagram. Isso eu não tenho interesse”, ressalta ele, que é pai de Uri, de 5 anos de idade, fruto de seu antigo relacionamento com Letícia Colin.

Michel Melamed sobre talk show de improvisação: 'Não quero ninguém em saia-justa'

Michel Melamed e Letícia Colin. Reprodução/Instagram.

‘Bipolar Show’ X ‘Polipolar Show’

Michel Melamed afirma que o atual “Polipolar Show” é uma variação do “Bipolar Show”, também apresentado por ele no Canal Brasil, entre 2015 e 2017.

“O ‘Bipolar Show’ tinha esse nome, porque a ideia era receber uma mesma pessoa em dois cenários diferentes, em dois momentos diferentes. É uma, digamos, uma contraprova do Heráclito [filósofo], de que não se pode, nesse caso, entrevistar a mesma pessoa duas vezes, de que a gente está sempre mudando e tendo novas perspectivas. Então, você conversa com alguém meia hora, vai trocar de figurino, senta em outro cenário com a mesma pessoa, é outra conversa, porque é outra pessoa”, inicia.

“[Já o ‘Polipolar Show’ é: vamos pegar o ‘Bipolar’ e vamos levar ao paroxismo, ao limite. Então, ao invés de dois cenários, são 20. Ao invés de um convidado, três. E vamos chamar de ‘Polipolar'”, destaca o apresentador, que também atribui à política mundial e à mídia suas inspirações para a formulação do nome do programa.

“A razão do nome também é uma feliz ou cômica coincidência geopolítica, porque quando o ‘Bipolar’ surgiu, estava começando esse assunto de polarização. Muita gente leu esse nome e pensou na questão da bipolaridade, do diagnóstico. Mas engraçada essa coisa geopolítica, porque nesses últimos dois anos começou a aparecer muito o nome ‘multipolar’ em várias matérias, em razão da ascensão do [Donald] Trump – presidente dos EUA. Fui longe, mas só para dizer que também foi uma coincidência geopolítica”, comenta.

Michel Melamed sobre talk show de improvisação: 'Não quero ninguém em saia-justa'

Michel Melamed e Wagner Moura em “Bipolar Show” – Foto: Divulgação/Canal Brasil