Mianmar terá eleições legislativas em dezembro apesar da guerra civil

A junta militar de Mianmar anunciou nesta segunda-feira que o país, cenário de uma guerra civil desde o golpe que derrubou o governo democrático em 2021, organizará as primeiras eleições legislativas a partir de 28 de dezembro, uma votação questionada pelos observadores internacionais.

“A primeira fase da eleição geral democrática multipartidária (…) começará no domingo, 28 de dezembro de 2025”, anunciou a Comissão Eleitoral Nacional em um comunicado.

A nota acrescenta que “as datas das fases seguintes serão anunciadas posteriormente”.

Mianmar vive uma guerra civil desde a derrubada do governo democrático de Aung San Suu Kyi, prêmio Nobel da Paz em 1991, em um golpe militar em 2021.

Os militares acusaram uma fraude eleitoral generalizada durante as eleições legislativas de novembro de 2020, vencidas por ampla margem pelo partido Liga Nacional pela Democracia (LND), da Suu Kyi.

O Exército insistiu que novas eleições seriam organizadas, mas a promessa não foi concretizada mais de quatro anos após o golpe.

A junta, liderada por Min Aung Hlaing, apresenta as eleições como uma forma de terminar o conflito, que deixou milhares de mortos e mais de 3,5 milhões de deslocados.

Suu Kyi, no entanto, continua presa e o especialista da ONU Tom Andrews classificou as eleições como “fraudulentas” e projetadas para permitir que o Exército continue no poder.

Grandes faixas territoriais do país são controladas por guerrilhas pró-democracia, que prometeram impedir a votação em seus redutos.

Um censo realizado no ano passado não conseguiu coletar dados de quase 19 dos 51 milhões de habitantes de Mianmar, segundo os resultados provisórios.

As autoridades citaram “importantes limitações no nível de segurança” como causa do problema, o que reflete o impacto limitado que a votação pode ter devido à guerra civil.

No final de julho, diante da aproximação das eleições parlamentares, a junta militar birmanesa anunciou o fim do estado de exceção declarado durante o golpe de Estado.

A medida havia concedido a Min Aung Hlaing autoridade suprema sobre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário na condição de chefe das Forças Armadas.

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