MG: Resgatados de regime escravo em carvoaria usavam livros como papel higiênico

Italvar Medina/ MPT
Carvoaria em Minas Gerais Foto: Italvar Medina/ MPT

Aos menos 66 pessoas foram resgatadas de trabalho escravo em uma carvoaria na cidade mineira de Brasilândia de Minas nesta sexta-feira (5). Além das condições precárias de trabalho, as vítimas chegaram a usar roupas próprias e folhas de livros de didáticos descartados como papel higiênico, conforme apuração do colunista do UOL Leonardo Sakamoto.

MG: Resgatados de regime escravo em carvoaria usavam livros como papel higiênico

Material usado por vítimas de trabalho escravo na falta de papel higiênico

“Os trabalhadores estavam sendo colocados em frentes de trabalho sem as mínimas condições. E não havia nenhuma medida de prevenção ao coronavírus. Parecia que a pandemia não existia”, afirma a auditora fiscal Andréia Donin, coordenadora da operação de resgate.

O resgate foi possível graças a uma ação coordenada entre auditores fiscais, Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e da Defensoria Pública da União. Muitas das pessoas encontradas na carvoaria eram de municípios do Paraná.

“Alguns foram aliciados em abrigos, pois haviam ficado desempregados durante a pandemia, o que mostra o nível de vulnerabilidade”, explica o procurador do Trabalho Italvar Medina, vice-coordenador de erradicação do trabalho escravo do MPT, que participou da operação.

“Eram aliciados com uma promessa de remuneração de R$ 3 mil por mês, bons alojamentos, passagens e ida e volta, mas, quando chegavam, viam que a promessa era falsa, que o trabalho seria por produção e que os alojamentos eram péssimos”, explica Andréia Donin.

“Pelos cálculos deles, não iam ganhar nem um salário mínimo. E, para piorar, salários estavam atrasados.”, completou a auditora.