O prefeito de Capitólio (MG), Cristiano Geraldo da Silva (PP), admitiu no domingo (9) que um estudo de análise de risco geológico nunca foi feito nos cânions do Lago de Furnas. No sábado, o desabamento de um paredão de rocha deixou dez pessoas mortas e outras dezenas de vítimas feridas. As informações são do Uol e da Agência Brasil.
“Meu pai vive aqui há 76 anos e nunca viu um desligamento de rocha desses. Acredito que, daqui para a frente, a gente precisa fazer uma análise [geológica]. Aquelas falésias estão ali há milhares de anos. Essa formação rochosa de quartzito tem essas fendas e fissuras. Já foram feitos vários estudos geológicos. Se tinha algum risco, tinha de ser emitido por um órgão superior”, explicou.
Conforme o prefeito, uma lei municipal de 2019 disciplina o turismo no cânion, proibindo banhos na área de circulação das lanchas e limitando a 40 o número de embarcações que podem permanecer por até 30 minutos na área do cânion. Além disso, normas da Marinha estabelecem o ordenamento da orla do lago.
“A Marinha tem as suas legislações que regulamentam o ordenamento costeiro. Então, todos esses pontos já estão sendo trabalhados pela Marinha em relação ao ordenamento”, acrescentou, em seguida.
Em entrevista à GloboNews, o especialista em gerenciamento de risco Gustavo Cunha disse que a região deveria ter um plano de emergência.
“Quem fiscaliza? Como essa notícia chega até os marinheiros, aos proprietários das lanchas? Esse tipo de comunicação na gestão de riscos é fundamental. Não basta você fazer um planejamento ou um mapeamento de risco que fica engavetado, que não chega a quem interessa”, afirmou Cunha.
Acidente
Vídeos nas redes sociais mostraram o momento do desabamento, no principal ponto turístico do passeio de lancha, com duas cachoeiras na entrada do cânion. Dos dez mortos pela queda de rochas, cinco eram de um mesmo núcleo familiar. Outras duas vítimas eram mãe e filha; ambas com os namorados. Além deles, as vítimas são dois amigos e um marinheiro.
Todos estavam na lancha chamada Jesus, que foi diretamente atingida pelo deslocamento de pedras. Segundo familiares e marinheiros, a embarcação havia alterado a rotina, indo diretamente para o cânion, em vez de fazer uma parada turística comum, a pedido dos viajantes.