Um homem, de 32 anos, foi libertado pela Polícia Civil na última sexta-feira (29), após ter sido mantido acorrentado em cárcere privado e ter sofrido maus tratos, por cerca de cinco dias, em um sítio na zona rural de Juiz de Fora, em Minas Gerais.

Segundo a polícia, o homem apresentava lesões por todo o corpo e, após ser encaminhado para o Hospital de Pronto Socorro da cidade, foi constatado que estava com um braço quebrado.

As autoridades chegaram ao local depois de receber uma denúncia. No sítio, dois homens, de 20 e 35 anos, foram presos em flagrante. Segundo Rogério Woyame, delegado titular da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos, os suspeitos são funcionários do local e têm como responsabilidade cuidar da vítima, além de manter os serviços com a criação de gado e cavalos do local.

A vítima foi levada ao local pela família, por se tratar de um dependente químico. “A própria família dele [de Juiz de Fora] botou ele lá no sítio porque ele é dependente químico. A ideia era ele ficar lá, afastado de tudo. Não tem lugar para comprar droga ali próximo, então, seria para ele se desintoxicar, melhorar. Só que, justamente por ele ser viciado, ele começou a dar muito problema lá, criar caso, arrumar briga com os dois caras que trabalham cuidando do sítio. E, por conta disso, eles acabaram acorrentando o rapaz”, explicou Rogério.

De acordo com o delegado, apesar do homem ter sido achado na condição de cárcere privado, os suspeitos, a princípio, vão responder pelo crime de maus tratos qualificado, com pena de um a quatro anos de reclusão.

“Como foi apurado que ele teve uma lesão possivelmente grave, ficou tipificado o crime de maus tratos com agravante, o maus tratos qualificado pela lesão grave [braço quebrado]. Eles estavam lá, de certa forma, cuidando do rapaz também, mas excederam no meio de corrigi-lo, de chamar a atenção dele”, contou Woyame.

Os suspeitos afirmaram em seu depoimento que, por questão de abstinência, a vítima ficava violenta, discutia, quebrava as coisas e eles precisavam conte-la. “Parece que ele ficava acorrentado, mas também não ficava o dia inteiro acorrentado. Era só quando ele começava a criar problemas. Mas os autores não deram detalhes disso e a vítima também não sabia direito explicar estas coisas”, disse Rogério.

“A gente vai concluir o inquérito para tentar determinar se mais alguém teve participação, se algum familiar sabia que ele estava nessa situação para poder responsabilizar, caso a gente consiga identificar mais alguém que tenha envolvimento ou participação neste caso”, pontuou o delegado.

A vítima ficará sob os cuidados da família e os suspeitos vão aguardar o julgamento em liberdade.