A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu em Contagem (MG) quatro pessoas de uma mesma família suspeitas de adulterar, falsificar e comercializar cosméticos em todo o Brasil. De acordo com a polícia, a líder do esquema era uma blogueira, de 21 anos. Além dela, foram presos o marido, de 25 anos, e os pais da jovem, de 49 e 54.

Conforme as investigações, o grupo prometia  métodos exclusivos para tratamento da pele, por meio de produtos adulterados e sem eficácia comprovada. “Essa conduta já era perpetrada pela suspeita principal há algum tempo”, destacou a delegada regional em Contagem, Elisa Moreira.

Segundo a polícia, Rafaela Braga se passava por estudante de Biomedicina. Levantamentos indicam o envolvimento da jovem nessa atividade desde os 15 anos, inclusive, com a participação dos pais, comprovada por meio de documentos da empresa.

A delegada Andrea Pochmann, que coordena as investigações, acrescenta que “a investigada era uma blogueira e tinha nas redes sociais mais de 100 mil seguidores. Ela também ministrava cursos de cosméticos”.

Com base nessas informações, a polícia acredita que a suspeita tenha feito várias vítimas, já que os cursos eram promovidos em vários estados, contando com uma média de 30 pessoas por atividade. “Além dos cursos, ela aplicava esses procedimentos estéticos nas suas clínicas e vendia os cosméticos através de sites e na clínica”, completa Andrea. Os valores dos cursos giravam em torno de R$ 3 mil a R$ 5 mil, e os kit eram vendidos por cerca de R$ 1,5 mil.

Apreensões

MG: Blogueira é presa por suspeita de vender cosméticos falsificados para todo país
Divulgação/ PCMG

De acordo com a Polícia Civil, na última quinta-feira (8), agentes cumpriram mandados de busca e apreensão e localizaram produtos já prontos para a venda, bem como rótulos, embalagens e matérias-primas. Também foi localizado pelos policiais um laboratório clandestino.

O material apreendido foi encaminhado à Vigilância Sanitária para análise das substâncias contidas nos cosméticos. “Nós já tivemos notícias de que algumas vítimas sofreram danos à saúde. Solicitamos que essas vítimas entrem em contato com a delegacia para que possamos robustecer as provas do inquérito policial”, alerta Andrea.

“Com relação à falsificação, ela [a suspeita] possuía diversos métodos. Ela adulterava o produto, colocando no original o rótulo dela e outro cosmético lá dentro [do frasco], como também pegava simplesmente o produto original de outra empresa e colocava somente o rótulo dela”, explica Andrea.

A delegada conta ainda que os artigos comercializados pelo grupo eram destinados, principalmente, para o tratamento de melasma, incluindo substâncias para administração via oral, o que, por lei, cabe apenas a indústrias farmacêuticas.

Conforme as autoridades, os suspeitos sabiam sobre a investigação e já haviam sido ouvidos pela Polícia Civil. Em seu depoimento, a jovem negou as suspeitas e disse que tinha todas as autorizações. Após a prisão, os investigados ficaram em silêncio.

Segundo o advogado de Rafaela, Jonatas Honório da Silva, a prisão teria sido arbitrária e, por isso, a blogueira e todos os envolvidos foram soltos no mesmo dia. Ele acrescentou, no entanto, que a investigação continua em curso.