Foi oficialmente anunciada na semana passada uma situação inédita nas eleições presidenciais do México: duas mulheres a protagonizarão. Confirmaram suas candidaturas: Claudia Sheinbaum, apoiada pelo presidente Andrés Manuel López Obrador, e Xóchitl Gálvez, líder da coalizão Frente Ampla Mexicana. A julgar pelos números, Claudia, pelo menos por enquanto, abre boa vantagem. Um levantamento da consultoria Buendia & Márquez apontou que o governo de Obrador possuía, no início de 2024, nada menos que 68% de apoio popular, índice nunca visto na história recente do país. Não há nação e não há eleição presidencial, em quaisquer pontos do mundo, em que o desempenho econômico não se faça um fator determinante. Pois bem, a previsão para 2023 era a de que o PIB do México crescesse 0,9%. Todas as expectativas foram superadas e se chegou a dezembro com a cogitação de 3,4%. Nada mais lógico, portanto, que a economia seja a bandeira principal da campanha de Claudia para a eleição de junho. Sua adversária joga as suas fichas em discursos que criticam a violência e o tráfico de seres humanos.

CINEMA
Jesus, segundo Scorsese

México: uma eleição, duas mulheres
O papa Francisco e Martin Scorsese: os dois são católicos, os dois amam cinema, os dois acreditam ser possível a paz mundial (Crédito: HO / various sources / AFP)

Já com o roteiro finalizado, serão realizadas ao longo de 2024 as filmagens do novo trabalho do diretor norte-americano Martin Scorsese. Qual é o seu personagem central? A resposta é surpreendente: Jesus Cristo. O filme mescla os dias atuais com a época atribuída à vida e morte de Jesus, objetivando a construção de uma obra “atemporal”, nas palavras do próprio cineasta em entrevista ao jornal norte-americano Los Angeles Times. O roteiro, ainda de acordo com a mesma publicação, assim como todo o projeto, tem como base o famoso livro A Life of Jesus, de autoria de Shusaku Endo. O cineasta frisa que seu filme se concentra nos “ensinamentos fundamentais do cristianismo, valendo-se dos princípios que ele defende, mas em nenhum momento faz proselitismo”. Scorsese cumpre, assim, o compromisso assumido com Francisco há cerca de um ano. Em janeiro de 2023, o papa declarou, em encontro com artistas, que o bom cinema sempre “suscita espanto” e que “filmes são excelentes caminhos para a construção da paz mundial”. Um mês depois, Scorsese, que é católico, visitou Francisco e contou-lhe de seu interesse em fazer uma obra sobre a vida de Jesus.

México: uma eleição, duas mulheres
Shusako Endo: autor de A Life of Jesus (Crédito:Divulgação)

SOCIEDADE
Lula deixou acéfalo o bicho de sete cabeças

Mitigar consideravelmente o bullying nas escolas e em ambientes profissionais, incluindo aqueles praticados de forma virtual, era considerado um bicho de sete cabeças por diversos especialistas em leis ou educação. Agora, se o tal bicho tiver meia cabeça é muito, e o presidente Lula tem mérito nisso. Simples assim: ele sancionou lei tipificando esses dois tipos de bullying como crimes que passam a constar do Código Penal. Ou seja: é crime e pronto. É claro que a questão não está inteiramente resolvida, mas, das sete cabeças, Lula cortou seis. Mais: ele também sancionou lei que altera para melhor o Estatuto da Criança e do Adolescente. Lula agiu politicamente: ao colocar fim na falação e atuar de fato, ele sabe que está pressionando escolas e empresas, geralmente omissas diante de casos de bullying, a tomarem medidas preventivas.

México: uma eleição, duas mulheres
Adolescente vítima de bullying: agora, o seu algoz é, por força de lei, criminoso (Crédito:Divulgação)

JUSTIÇA
Isso, sim, é Vossa Excelência

No Brasil, e em tantos outros países, há pessoas a defender que “preso bom é preso morto”. Mas fiquemos em chão brasileiro, porque aqui também há gente defensora e cumpridora dos ditames do Estado de Direito — e, dentro disso, seguidora à risca das Garantias Fundamentais previstas na Constituição Brasileira. Nessa segunda categoria, construindo um Brasil melhor, está a juíza Lana Leitão Martins, do Tribunal de Justiça de Roraima. Diante dela, em audiência de custódia, havia um preso de 20 anos de idade, algemado, só de camiseta e visivelmente com frio. A juíza, sem perder em nenhum momento o discernimento da imparcialidade da magistratura, mandou que servissem um copo de café quente ao rapaz, desligassem o ar condicionado, tirassem-lhe as algemas e lhe colocassem um paletó nas costas. Ela merece homenagens, imediatas, do STF. A polícia declarou que o preso não participou do assalto do qual era acusado.

México: uma eleição, duas mulheres
A juíza Lana: Justiça com dignidade (Crédito:Divulgação)