México rompe relações com Equador após invasão a embaixada

CIDADE DO MÉXICO, 6 ABR (ANSA) – O governo do México rompeu relações diplomáticas com o Equador após a polícia do país sul-americano invadir a embaixada mexicana em Quito para prender o ex-vice-presidente Jorge Glas (2013-2018), alvo de um mandado de captura por suspeita de desvio de recursos públicos.   

Segundo o mandatário do México, Andrés Manuel López Obrador, a operação constituiu uma “flagrante violação do direito internacional e da soberania” do país, enquanto a chanceler Alicia Bárcena acionou a Corte Internacional de Justiça (CIJ) contra o Equador.   

O assalto à embaixada mexicana deixou algumas pessoas feridas, incluindo o encarregado de negócios da sede diplomática, Roberto Canseco, algemado no chão enquanto tentava impedir a ação da polícia.   

“Isso é barbárie, é inaceitável. Não é possível que se viole uma sede diplomática dessa forma”, disse Canseco, que assumiu o comando da missão após a embaixadora Raquel Serur Smeke ter sido declarada “persona non grata” pelo Equador.   

Homem próximo ao ex-presidente de esquerda Rafael Correa (2007-2017), Glas foi libertado da prisão em novembro de 2022, após ter cumprido parte de uma pena por corrupção em um escândalo envolvendo a construtora brasileira Odebrecht (atual Novonor).   

No entanto, se tornou alvo de outro mandado de captura devido a um suposto desvio de fundos para a reconstrução de áreas destruídas por um terremoto. Em dezembro passado, Glas se refugiou na embaixada mexicana, que lhe concedeu asilo político.   

De acordo com a Presidência equatoriana, o México “abusou da imunidade e dos privilégios que lhe foram concedidos enquanto missão diplomática”.   

A crise política entre os dois países escalou após López Obrador ter sugerido que o atual presidente do Equador, Daniel Noboa, se beneficiou do contexto político surgido após o assassinato do presidenciável Fernando Villavicencio, em agosto de 2023.   

Já o México vai às urnas em junho, e até candidatos de oposição condenaram a invasão à embaixada, denunciando um atentado contra a soberania do país. “Essa embaixada representa o Estado mexicano e é inviolável”, disse o presidenciável Jorge Álvarez Máynez. (ANSA).