Duas notícias recentes me chamaram a atenção e me deixaram muito, mas muito irritado – o que não é novidade alguma, eu sei -, e mostram como escolhas políticas equivocadas, ou melhor, ideologias equivocadas ancoram um país e uma cidade no mais lamentável atraso e subdesenvolvimento.

O México tomou o lugar da toda-poderosa China e tornou-se o maior parceiro comercial dos Estados Unidos. O mérito do governo mexicano? Não atrapalhar demais. O resto ficou por conta do bom crescimento da economia americana e a privilegiada localização geográfica do país da Copa de 70.

Enquanto isso, o governo Lula posta-se invariavelmente contra toda e qualquer pauta do Tio Sam, seja econômica ou política, sobretudo as relações diplomáticas envolvendo ditadores e ditaduras amigas do petismo: Maduro (Venezuela), Putin (Rússia), Xi Jinping (China), Khamenei (Irã).

Os mais açodados dirão: “ano passado houve recorde no comércio entre Brasil e EUA”. Bem, a causa é facilmente verificável e comprovada: o aumento do preço das commodities minerais e agrícolas, além dos derivados de petróleo, que, juntos, representaram quase a totalidade da pauta comercial bilateral.

Se o lulopetismo abrisse mão de ideologias mofadas, da obsessão pelo protagonismo de um tal “mercado Sul-Global” (em passagens anteriores era Sul-Sul) e de teses contraproducentes sobre leis trabalhistas, regulamentações setoriais e afins, além, claro, do apreço por ditadores, o resultado seria outro.

BELO HORIZONTE

Não bastasse o fato acima e o gol do Criciúma, ontem, aos 40 minutos do segundo tempo – êh, Galo!! -, leio, há pouco, que Goiânia, capital de Goiás, com cerca de 1.5 milhão de habitantes, já é o terceiro maior mercado imobiliário do País, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.

Os méritos da bela cidade do centro-oeste brasileiro? Dentre a sorte de localizar-se no seio da agropecuária nacional, administrações municipais favoráveis aos crescimento imobiliário, adotando legislações menos restritivas e onerosas (altura dos edifícios, por exemplo) e apoiando investimentos.

Não é segredo para ninguém que Belo Horizonte parou no tempo. Haja vista a degradação urbana que salta aos olhos. De belo, hoje, nosso horizonte não tem nada. Sem contar na ausência absoluta de toda e qualquer grande obra estruturante há décadas. BH é uma cidade morta-viva, se é que me entendem.

Neste sentido, não dá para não apontar o dedo para algumas administrações desastrosas, como a de Fernando Pimentel (que repetiu o desastre no governo de Minas) e, sobretudo, de Alexandre Kalil (repetindo, também, o desastre deixado no Clube Atlético Mineiro durante sua “era”).

Especificamente sobre Kalil, sua gestão notabilizou-se por um Plano Diretor do tempo das cavernas, que praticamente inviabilizou o setor imobiliário, transferindo para os municípios vizinhos uma riqueza incalculável – Nova Lima agradece penhoradamente por isso, aliás.

HORA DA VIRADA

Sua secretária sectária, Maria Caldas, com ideias e atitudes do tempo das cavernas, e um corpo técnico em parte tocado por dinossauros T-Rex (aqueles das mãozinhas pequenas), tornaram o ambiente de negócios imobiliários de BH nocivo e caríssimo – para quem constrói e para quem compra.

Através da iniciativa de alguns vereadores, notadamente do atual presidente da CMBH, Gabriel Azevedo (MDB), com o apoio do setor de construção, de entidades de classe como Fiemg e Fecomércio, e também do atual prefeito Fuad Noman, alguma reação – revisão do Plano Diretor – teve início.

Porém, tão ou mais importante, faz-se necessária uma mudança radical de pensamento e postura de todos os agentes e autoridades públicas. Mitos como adensamento, área construtiva, altura dos edifícios etc. precisam ser abandonados de vez. Basta “copiar” as grandes metrópoles do planeta.

Temos uma população 60% maior do que Goiânia. Uma região metropolitana quase 100% maior. O terceiro ou quarto PIB do País (Goiânia não aparece nem entre os dez primeiros). Além, é claro, de sermos a cidade do Galo! Ou seja, só muita incompetência administrativa para seguirmos tão mal assim.

Este ano teremos eleições municipais. É uma chance de, como sociedade, revermos nossos conceitos – ou ratificá-los – e elegermos prefeito e vereadores alinhados com o progresso e desenvolvimento social e econômico, que passam, necessariamente, por um mercado imobiliário moderno e pujante.