A jornalista mexicana Marcela Turati foi homenageada, nesta quinta-feira (2), com o prêmio Anna Politkóvskaya-Arman Soldin de coragem jornalística, criado pelo governo francês este ano.

O júri destacou o “compromisso inabalável” de Turati “ao expor a violência do narcotráfico e as consequências sociais da guerra contra os cartéis”.

Uma missão que conseguiu cumprir “apesar dos riscos que, muito frequentemente”, os repórteres mexicanos enfrentam na cobertura desses temas, que já tirou a vida de muitos deles.

Em 2021, Turati denunciou irregularidades nos autos do massacre de 196 pessoas, cujos corpos foram encontrados em covas clandestinas no município de San Fernando Tamaulipas em 2011.

Devido às suas investigações, seus telefones foram grampeados pelas autoridades mexicanas com o programa Pegasus.

Em 2019, revelou a existência de “crime organizado dentro do governo”, com “uma rede de instituições que operam impunemente”.

Turati já havia recebido o Prêmio Breach-Valdez e o Prêmio Gabriel García Márquez de excelência jornalística por sua notável carreira.

O prêmio, anunciado em ocasião do “Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas”, procura distinguir o trabalho de jornalistas e fotojornalistas “que colocam diariamente suas vidas em risco para transmitir informação livre, plural e confiável, necessária para o exercício da democracia, e também àqueles que perderam a vida no exercício da profissão”.

O nome do prêmio é uma homenagem a duas figuras emblemáticas: Anna Politkóvskaya, repórter do jornal russo Novaya Gazeta, que se dedicou a investigar casos de corrupção e abusos dos direitos humanos na guerra da Chechênia, assassinada em Moscou em 2006.

E ao fotojornalista da AFP Arman Soldin, que morreu em um atentado a bombas, informando o mundo sobre a invasão russa da Ucrânia, em maio de 2023.

O júri atribuiu uma menção especial ao jornalista franco-afegão Mortaza Behboudi, recentemente libertado após 284 dias de detenção pelos talibãs.

A ministra das Relações Exteriores de França, Catherine Colonna, anunciou no final de agosto a criação deste prêmio, decorrente de uma iniciativa conjunta com Dmitri Mouratov, vencedor do Prêmio Nobel da Paz 2021.

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