Um dos maiores desafios para os pais é conhecer e compreender a forma como seus filhos atingem e gerem o conhecimento. Hoje, no centro desse desafio estão as mídias sociais. No século 20 parece que foi já em outra vida, os instrumentos de comunicação eram lineares e de fácil compreensão, mas hoje tudo é diferente. Antes uma coisa era sempre consequência de outra; e essa coisa estava quase sempre perto e era conhecida por todos. Não havia surpresa nas novidades.

Antigamente, os filhos aprendiam dos pais porque tinham menor acesso à informação. Hoje não é assim. Os filhos, porque são mais jovens, menos ocupados e mais digitais, têm acesso a mais e melhor informação que seus progenitores. O desafio dos mais velhos é hoje muito maior. Se antes o problema era saber que informação se devia proibir, agora é preciso saber que mundo devemos conhecer. E neste jogo os guris levam grande vantagem. As redes sociais são o território onde esta batalha se trava. Porque são mais imediatas, rápidas e expõem os nossos filhos a um mundo que nos é desconhecido; mas também porque, paradoxalmente, são o local onde nos encontramos com eles na internet. Por exemplo, o Google é muito mais perigoso do que o Facebook, mas os adultos se preocupam menos com o F azul que com o G multicolor. Talvez porque as hipóteses de encontrar um filho ou uma filha num motor de busca sejam quase nulas, mas nas redes sociais já não é tanto assim.

Se antes o problema era saber que informação se devia proibir, agora é preciso descobrir que mundo devemos conhecer

Quem tem filhos adolescentes se preocupa. Nos perguntamos se eles conseguem ter uma vida normal passando tanto tempo ligados remotamente aos amigos. Mas será que são eles que estão viciados na rede, ou seremos nós mais viciados do que eles? Os mais novos sabem exatamente para que serve cada uma das redes sociais, como se mantêm vivas, e qual a recompensa que existe em cada uma. A Carol quando tinha 14 anos, sabia que o que mantém vivo o Snapchat é a regularidade com que contacta cada pessoa – é a rede da Amizade. Sabe que no Instagram o objetivo são os gostos em cada fotografia – é a rede da Vaidade. Já
o Twitter é tudo diferente, ele serve para encontrar coisas interessantes – é a rede da Informação. Os adolescentes estão a abandonar o Facebook. Se transferiram para o Snapchat e para o Instagram, deixando a meta rede de Zuckerberg para a mais tradicional forma de comunicação: as mensagens de texto.

Como educadores, um dos nossos maiores receios, é que nossos filhos possam estar a falar com alguém que seja uma ameaça para eles. Mas isso rapidamente vai perdendo sentido. Eles sabem mais sobre o assunto do que nós, e o funcionamento das redes sociais — onde eles verdadeiramente vivem — são elas próprias a segurança necessária.