O deputado federal Luis Miranda (DEM/DF), autor da denúncia de corrupção na intenção de compra da vacina Covaxin, foi o convidado da live da ISTOÉ, nesta terça-feira (13).

O parlamentar afirmou que não gravou a conversa na qual relatou ao presidente Jair Bolsonaro, em 20 de março, no Palácio da Alvorada, as suspeitas de irregularidades na aquisição da vacina indiana Covaxin, mas disse que tinham outros interlocutores no encontro.

“Eu jamais gravaria um presidente da República, mas eu não estava sozinho na sala. O próprio presidente pode ter gravado o encontro”, disse, não descartando a dúvida de um possível grampo. “Não sei se meu irmão tem este áudio”, alertou.

As denúncias dos irmãos Miranda podem ter levado Bolsonaro a cometer o crime de prevaricação – quando um funcionário público deixa de praticar ato de ofício visando satisfazer interesse pessoal.

“Nós pensávamos que estevámos matando uma vespa, mas por trás da vespa tinha um vespeiro. Tem algo gravíssimo por trás de tudo isso”, afirma.

O deputado afirmou que a base governista do governo no Congresso não quer investigar nada.

“Os governistas, assim como o presidente, tentam criar narrativas para tentar desqualificar e minar as denúncias. Assim, manter a bandeira de governo incorruptível. Bolsonaro tem que tomar cuidado com a língua dele”, relatou.

Para Miranda, que apoiou fortemente Bolsonaro em 2018, ele e o irmão estão sendo tratados como bandidos pela base governista, pelo presidente e pela família Bolsonaro, em vez de serem tratados como heróis, combatendo a corrupção.

O parlamentar alerta: “Tem muita coisa para explodir no Ministério da Saúde, como logística, contratos sem licitação, produtos que foram comprados e não foram entregues. Virei um para-raios de denúncias. Recebi acusações sérias que preciso buscar materialidade. É incrível como tem corrupção no Ministério da Saúde, é infreável. São coisas absurdas que envolvem parlamentares, funcionários do ministério e grandes empresas”, alerta e continua: “É óbvio que meu irmão sabe muito mais coisas, mas está com medo.”, concluiu.

Relembre o caso

O deputado disse aos senadores da CPI do Covid que em 25 de junho, ele e o seu irmão, Luis Ricardo Miranda, chefe de importação do Ministério da Saúde, relataram terem se reunido com Bolsonaro, no sábado, 20 de março. Na ocasião, os irmãos teriam levado a Bolsonaro uma série de informações acerca de problemas nebulosos que envolvem o governo na negociação da aquisição do imunizante indiano.

Segundo Miranda, ele disse ao presidente que o irmão, Luis Ricardo, estaria sofrendo pressão “incomum” para fechar a compra da vacina. “Não acusamos o presidente de nada. Só levamos informações.”