Quem, em janeiro, imaginou que terminaríamos o ano com a derrota acachapante do projeto criminoso petista? E com Dilma fora da Presidência? E mais ainda: Lula como penta-réu? Poucos, certamente. Lula e o PT se apresentavam ao País como um eterno presente. Estávamos condenados à dominação petista por muitos anos. A oposição parlamentar, sempre receosa, evitava o confronto aberto. Preferia saborear alguns nacos de poder nos governos estaduais e municipais. Tudo mudou quando as ruas deram novo ritmo à História, rompendo com a letargia dos políticos profissionais. A anomia foi substituída pelo desejo de participação cidadã como nunca vimos no Brasil. O que parecia impossível acabou se realizando. O isolamento do PT, a inépcia político-administrativa de Dilma, o petrolão, as condenações da Lava Jato, a crise econômica levaram milhões às ruas e o impeachment foi aprovado de acordo com o disposto na Constituição. O fim do pesadelo ocorreu de forma tranquila. As ameaças de Lula não se cumpriram. Não houve confrontos que colocassem em risco à ordem pública. Tudo ocorreu em relativa paz.

O PT quis transformar a derrota em vitória. Insistiu em chamar o novo governo de golpista. Contou com o apoio de partidos e movimentos associados ao seu projeto criminoso. Recebeu também solidariedade de artistas e pseudointelectuais. De nada adiantou. E a fragorosa derrota eleitoral de outubro – o partido foi esmagado nas urnas – sepultou a “defesa da legalidade”. Sem slogan e apoio popular restou ao PT traçar uma nova estratégia. A questão não é mais o poder, mas a sobrevivência partidária e de suas principais lideranças ameaçadas de prisão, especialmente Lula – considerado pelo Ministério Público Federal o “comandante máximo da organização criminosa.”

O ano termina em compasso de espera. As 77 delações de acionistas e executivos da Odebrecht devem atingir as principais lideranças políticas. Tudo indica que o País dará um salto de qualidade. Se o impeachment encerrou o trágico capítulo histórico petista, as delações vão abrir espaço – em meio a uma provável turbulência política, com reflexos diretos na economia – à redefinição do Estado democrático de Direito. Dessa vez, as mudanças serão profundas. O espírito de 2016 não vai desaparecer – para desespero dos políticos tradicionais.

Dessa vez, as mudanças serão profundas. O espírito de 2016 não vai desaparecer – para desespero dos políticos tradicionais


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias