Uma força-tarefa conjunta da Polícia Federal, da Receita Federal, da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e do Ministério da Agricultura deflagrada nesta quinta-feira, 16, coletou materiais e substâncias suspeitas de adulteração com metanol em 24 empresas de cinco estados brasileiros.
A Operação Alquimia investigou distribuidores de metanol, terminais marítimos, destilarias espalhados por São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os materiais coletados nesses locais serão enviados para comparação química com o metanol encontrado em bebidas falsificadas.
O objetivo é chegar à origem do escândalo do metanol, que já causou oito mortes, 41 casos confirmados e outros 107 suspeitos de intoxicação pelo consumo da substância no Brasil.
Combustíveis clandestinos
Conforme os policiais, há fortes indícios de que um esquema de adulteração de combustíveis operado pelo crime organizado — descoberto nas operações Carbono Oculto e Boyle — esteja associado à fabricação clandestina de bebidas.
As investigações apontam que o metanol importado por empresas químicas regulares era desviado para postos de combustíveis e, potencialmente, para a fabricação de bebidas. Empresas selecionadas como alvo foram escolhidas com base no potencial de envolvimento na cadeia, desde a entrada da substância no país até sua destinação irregular, incluindo o uso de notas fiscais fraudulentas por destilarias.
A crise do metanol
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Em entrevista à IstoÉ, o ex-Secretário Nacional do Consumidor e ex-Presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, Arthur Rollo, afirmou que “todo tipo de estabelecimento oferece um risco” na aquisição de bebidas alcoólicas durante a crise do metanol.
“O consumidor não tem qualificação para identificar se os lacres ou selos de conformidade estão adulterados. Enquanto isso não estiver devidamente verificado, os consumidores não estão seguros, seja para comprar em um supermercado, adega, bar ou restaurante”, disse.
O gerente médico do Pronto Atendimento do Hospital Sírio-Libanês, Luis Penna, recomendou a interrupção no consumo de destilados também para evitar o aumento no número de atendimentos hospitalares e internações. Segundo o médico, a agilidade na identificação e tratamento é fundamental para tratar a intoxicação.
Os órgãos de vigilância sanitária recomendam a bares, empresas e demais estabelecimentos que comercializam bebidas que redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos. Aos consumidores, a orientação é para não adquirir substâncias sem rótulo, lacre de segurança e selo fiscal.