Um dos seis estabelecimentos interditados na força-tarefa para investigar a origem de bebidas adulteradas com metanol em São Paulo, o Beco do Espeto, bar na região do Itaim Bibi, na capital paulista, afirmou ter sido vítima de “desinformação” e responsabilizou uma mensagem falsa que circula nas redes sociais pela intervenção da Vigilância Sanitária.
Ver essa foto no Instagram
As ações de interdição e apreensão de produtos ocorreram nos bairros de Bela Vista, Itaim Bibi, Jardins e Mooca e nas cidades de São Bernardo do Campo e Barueri. Conforme apuração da IstoÉ, os estabelecimentos interditados nos Jardins e na Mooca foram, respectivamente, o “Ministrão” e “Torres”.
Alvos de fiscalização, o supermercado BBR e a distribuidora Bebilar, na região dos Jardins, continuaram abertos e afirmaram comercializar produtos “originais e adquiridos diretamente de fabricantes ou distribuidores oficiais”.
A crise do metanol
A Secretaria estadual da Saúde de São Paulo informou na quarta-feira, 1º, haver 10 casos confirmados de contaminação por metanol no estado e uma morte causada pela intoxicação.
Ao todo, 37 casos foram notificados no estado até quarta. Além dos 10 confirmados, há 27 em investigação, número que inclui cinco óbitos. As investigações estão centralizadas na hipótese de adulteração de bebidas.
“Há de fato um problema estrutural que é do Brasil. Temos que pensar em como fazer a fiscalização e diminuir a incidência dessas bebidas adulteradas, clandestinas”, afirmou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A Polícia Federal instaurou um inquérito para apurar os casos. “No momento, as ocorrências estão concentradas em São Paulo, mas tudo indica que há uma distribuição para além do estado“, disse o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, classificou o cenário como “anormal” e recomendou que a população não consuma bebidas destiladas até a regularização da situação. Os casos de contaminação por metanol ocorreram após o consumo de vodka, gin e whisky.
Os órgãos de vigilância sanitária recomendam a bares, empresas e demais estabelecimentos que comercializam bebidas que redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos. Aos consumidores, a orientação é para não adquirir substâncias sem rótulo, lacre de segurança e selo fiscal até a resolução dos casos.
Ver essa foto no Instagram
Em entrevista à IstoÉ, o ex-Secretário Nacional do Consumidor e ex-Presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, Arthur Rollo, afirmou que “todo tipo de estabelecimento oferece um risco ao consumidor” até a resolução da crise do metanol.
“O consumidor não tem qualificaçãoa para identificar se os lacres ou selos de conformidade estão adulterados. Enquanto isso não estiver devidamente verificado, os consumidores não estão seguros, seja para comprar em um supermercado, adega, bar ou restaurante”, disse.